quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Deus gosta de advérbios

Antes, meu amigo Alfredo usava camiseta do Pennywise. Hoje, um dinossauro anda pela tela do meu computador. É o preço da gasolina, é o prazo de entrega, são lunáticos pintando cartazes pela ajuda humanitária enquanto a gente aqui, que vive no mundo real, não tem dinheiro para pagar a tarifa do ônibus que o prefeito aumenta igual troca de cueca. Antigamente, os jovens passavam tardes e noites na praça da prefeitura, sentados no chão, na grama, em rodas de fumo, de vinho barato, de RPG. Dia desses, fui encontrar uma amiga lá no MACC e encostei no corrimão para esperar. Veio o guardinha, e disse que eu não podia encostar no corrimão. Cansei de ficar de pé, fui sentar na escada. Veio o guardinha e disse que eu também não podia sentar na escada. Me indicou um banco, lugar apropriado para meu corpo docilizado pelo guardinha. Sentei no banco, e - quem eu vejo? - o guaridinha, lá de longe, me indicava que eu não podia me sentar de pernas cruzadas, me mostrando a maneira correta e policiada de posicionar meu corpo em um espaço (não mais) público. Eu nem vejo mais aqueles monges que andavam de marrom por aí.
"- Dizem que o líder dele foi internado num hospício, acusado de estar louco!", comenta a velha que dá comida aos pombos no largo do rosário, enquanto eu passo, e pasmo.

- Alice na cidade.

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