quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Deus gosta de advérbios

Antes, meu amigo Alfredo usava camiseta do Pennywise. Hoje, um dinossauro anda pela tela do meu computador. É o preço da gasolina, é o prazo de entrega, são lunáticos pintando cartazes pela ajuda humanitária enquanto a gente aqui, que vive no mundo real, não tem dinheiro para pagar a tarifa do ônibus que o prefeito aumenta igual troca de cueca. Antigamente, os jovens passavam tardes e noites na praça da prefeitura, sentados no chão, na grama, em rodas de fumo, de vinho barato, de RPG. Dia desses, fui encontrar uma amiga lá no MACC e encostei no corrimão para esperar. Veio o guardinha, e disse que eu não podia encostar no corrimão. Cansei de ficar de pé, fui sentar na escada. Veio o guardinha e disse que eu também não podia sentar na escada. Me indicou um banco, lugar apropriado para meu corpo docilizado pelo guardinha. Sentei no banco, e - quem eu vejo? - o guaridinha, lá de longe, me indicava que eu não podia me sentar de pernas cruzadas, me mostrando a maneira correta e policiada de posicionar meu corpo em um espaço (não mais) público. Eu nem vejo mais aqueles monges que andavam de marrom por aí.
"- Dizem que o líder dele foi internado num hospício, acusado de estar louco!", comenta a velha que dá comida aos pombos no largo do rosário, enquanto eu passo, e pasmo.

- Alice na cidade.

Literatura Chinesa: Shangai Baby, de Wei Hui

Banido publicamente do território chinês, como nos bons velhos tempos da Revolução Cultural, este romance irreverente conta a história de Coco, uma empregada de café cuja curiosidade e entusiasmo pela vida conduzem a um destino alucinado sob o cenário cintilante das noites de Xangai. Dividida entre dois amantes e consumida pelos sentimentos contraditórios de relações inconciliáveis, Coco começa finalmente a perceber quem é. Este será o primeiro passo para reivindicar a sua liberdade numa China à beira da revolução social e sexual.

Wei Hui (lê-se Uei-Uei) nasceu e 1973. Filha de um oficial do exército chinês, passou três anos da sua infância instalada num templo ocupado pelas forças militares, que expulsaram os monges durante o caos da Revolução Cultural. Estudou literatura na Universidade de Fundan, em Xangai. Depois da publicação deste romance, Wei Hui passou de estrela em ascensão da nova geração a escrava debochada e decadente da cultura ocidental. Wei Hui diz-nos que este romance é uma história semiautobiográfica sobre o seu amadurecimento espiritual e sexual. «Cresci no seio de uma família muito severa. O meu primeiro ano de faculdade passou-se num campo de treino militar. Depois disso, a revolta e a subversão eram inevitáveis. E foi sobre isso que escrevi.»

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Revista Os Urbanitas n. 9

Saiu mais uma Urbanitas.
Para acessar, clique aqui.


Artigos

Devoção, Riso e Sacrifício na Festa do Pau da Bandeira
Océlio Teixeira de Souza



Entre os arquivos e o futuro - o discurso negacionista e o antissemitismo contemporâneo.
Adriana Dias



Is there a Euro-Mediterranean city? Can we make it global? Looking for signs of translation
Paulo Castro Seixas



Etnografia da favela à noite
Ana Cecília de Sousa Bastos & José Eduardo Ferreira Santos



“Essa é uma história de pessoas simples”: enraizamentos e deslocamentos no bairro Cristal, Porto Alegre (RS)
Fernanda Rechenberg



Mitos urbanos em Goiás: a Mãe-do-Ouro e a cura nas águas do Rio Quente
Margarida do Amaral Silva



Etnografia no mundo urbano de Belém (Pará, Brasil): as transformações das paisagens segundo a memória de antigos moradores do Distrito de Icoaraci
Flávio Leonel A. da Silveira & Pedro Paulo de M. A. Soares



A Democracia no Espaço: uma revisão dos conceitos de Isaac Joseph
Vania Morales Sierra & Wania Amélia Belchior Mesquita




Gestão da 6ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul: como entra a lógica empresarial na produção cultural
Fernanda Fontecilla



Resenhas

As ilhas que se deixam ver na cidade-oceano
Flávio Amaral


Beyond the Ruins
Jeanne Haffner


Excursão ao "pobrezológico": os "sem dinheiro", os "sem noção" e os "sem escrúpulos" nas lajes da Rocinha
Rita Amaral


O olhar urbanita de


Giovanni Guimarães
Diários Diamantinos


André Dahmer
Minicômio

Contos

Rua Cônego Cipião, n. 290
Pablo Sebastian Moreira Fernandez


Os Urbanitas

Instruções para colaboradores
http://www.aguaforte.com/osurbanitas9/normasurbanitas2010.pdf

Contato:osurbanitas@pobox.com

domingo, 24 de janeiro de 2010

Biblioteca Digital Curt Nimuendaju

Uma biblioteca digital sobre antropologia, que está aberta para quem quiser ajudar a construí-la, enviando qualquer arquivo digital!

Regime Psicodélico

"O regime psicodélico permitirá a cada um compreender que não é um robô posto sobre a terra para receber um número de seguro social e ser agregado às agrupações que são a escola, a carreira, os seguros, os funerais, as despedidas. Graças ao LSD todo ser humano saberá compreender que a história completa da evolução está registrada em seu corpo" - Antonio Escohotado, Historia de las Drogas Madrid: Alianza Editorial, 1995, p. 64

sábado, 23 de janeiro de 2010

Derek Pardue - Quartas de manhã pela Unicamp

DEREK PARDUE
Assistant Professor, Sociocultural Anthropology and International & Area Studies
Ph.D., Illinois, 2004
314-935-9282
Personal Website
dpardue@artsci.wustl.edu



My research focuses on the representation of hip-hoppers as social and cultural agents and the analysis of hip-hop practices of design through sound, image, and narrative. Since 1995, I have worked with rappers, DJs, graffiti artists, and B-boys / B-girls in São Paulo, Brazil. In addition, I worked for two years with rappers, DJs, and producers in Austin, Texas.

I employ strategies of methodology and epistemology from urban anthropology, critical race theory, discourse theory, cultural studies, and ethnomusicology to guide my analysis. My ethnographic manuscript Ideologies of Marginality in Brazilian Hip Hop is in press with Palgrave McMillan Press. I have initiated a new project related to hip hop and citizenship in Brazil and Portugal.

Aside from hip-hop, I have conducted ethnographic and socio-linguistic research on Brazilian community radio, soccer and casual dining restaurants in central Illinois. In addition, I edited a volume of essays called Ruminations on Violence (Waveland Press, 2008), in which I bring together an eclectic array of scholars, educators, journalists, artists, poets, and storytellers to represent the diversity and complexity of violence as part of the human experience. I am currently working on another edited volume project in ethnomusicology related to the category of "Afro Latin."

For more information see the overview of the department's research in sociocultural anthropology.
Courses

Race, Class and Gender: Cultural Readings of Brazil and its Cities; Vote for Pedro: A Critical Look at Youth and Popular Cultures; Kill Assessment: An Investigation into Death, Genocide and other forms of Violence; Theories of Identity Formation; Reading the Scores: Understanding Brazilian Music through Social Categories
Selected Publications

Pardue, Derek

2008. Ideologies of Marginality in Brazilian Hip Hop. Palgrave McMillan Press.

2008. Ruminations on Violence (edited volume). Waveland Press.

2007. "Hip Hop as Pedagogy: A Look into 'Heaven' and 'Soul' in Sao Paulo, Brazil" from Anthropological Quarterly Volume 80 no. 3, 2007 Summer. pp. 673-710. [pdf]

2005. "CD Cover Art as Cultural Literacy and Hip-Hop Design in Brazil." Education, Communication and Information 5(1): 61-81.

2005. "Brazilian Hip-Hop Material and Ideology: A Case of Cultural Design" in Image and Narrative, Volume 10, (http://www.imageandnarrative.be/worldmusica/worldmusica.htm)

2004. "Putting Mano to Music: The Mediation of Race in Brazilian Rap." Ethnomusicology Forum 13(2), pp. 253-286.

2004. "'Writing in the Margins': Brazilian Hip-Hop as an Educational Project." Anthropology and Education Quarterly 35(4).

2002. "Jogada Lingüística: Discursive Play and the Hegemonic Force of Soccer in Brazil." Sport and Social Issues 26(2), pp. 360-380.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Massimo Canevacci

"(...) a fonte do sentimento perturbador do duplo não residiria tanto em um medo infantil não resolvido, quanto no desejo de se viver como multiplicidade." (p. 166, Fetichismos Visuais)


CONFERÊNCIA: GEMAS DIASPÓRICAS - muito interessante!!


ALGUMAS OBRAS:

Dialética della Familia (1976)
Antropologia del Cinema (1982)
La Città Polifônica (1993)
Sincretismi (1995)
Antropologia della comunicazione visuale (1996)
Culturas eXtremas (2004)

Dress-code - Bodyscape - Location: un'etnografia applicata alla comunicazione vizuale - Massimo Canevacci



Questo paper sviluppa una etnografia della comunicazione visuale focalizzata sulla relazione tra bodyscape e location, a sua volta interconnessa con i concetti di dress-code, attrattori, interstizi. Corpi e spazi panoramatici sono costitutivi della nuova metropoli comunicazionale.

Lo svolgimento del mio discorso è strettamente legato alle composizioni per immagini e scritture espresse nel power point: un sentire pluri-sensoriale e multi-sequenziale.

Il centro delle nuove metropoli non è più caratterizzato dalla produzioni di merci, bensì dalla espansione decentrata di comunicazione visuale, consumo performativo, cultura sincretica, soggetto multiplo, tecnologie digitali.

L’etnografia è una metodologia di ricerca transdisciplinare applicata alla comunicazione visuale espressa attraverso i corpi ibridi della nuova metropoli comunicazionale.

Capitolo 1: Corpi e metropoli



-a) bodyscape

Bodyscape è il corpo panoramatico che fluttua tra gli interstizi della metropoli comunicazionale. Il suffisso -scape persegue accelerazioni di codici prima invisibili che un corpo inserisce per assemblaggi successivi lungo la propria configurazione per costruire una determinata fisiognomica. Quindi, il corpo di un soggetto che si avviluppa in dress-code – a differenza del cliente – è sospinto per forza immanente a elaborare nuovi sistemi percettivi, nuove sensoralia, esplorando le zone-morte tra quello che è noto o comunque già visto e quello che sta emergendo. Il soggetto-dress-code strappa le zone-morte in quanto feticci e li trasfigura in zone liminoidi dalla potente forza attrattiva cosmetica, cioè erotica. Eroptica. Quelli che chiamo interstizi sono gli attraversamenti metropolitani che, nel suo compiersi, mutano i sistemi percettivi del soggetto che accoglie e rielabora i codici incontrati o scontrati per somatizzarli. Tali interstizi – che sono flebili, cavi, a tempo - hanno la specialità di collocarsi sempre “tra”, cioè entro quelle zone lasciate vuote o abbandonate dalle costituzioni mainstream dei luoghi urbani. Filo sottile e lascivo che si contorce e flette per essere sempre un fuorispazio dissonante: questo è l’interstizio.



-b) Location

Location è un luogo-spazio-zona-interstizio che caratterizza il trans-urbanismo contemporaneo, i cui codici - più che nel design esterno, che in genere è anonimo o generico - sono significativi al suo interno: è qui che il design di ogni oggetto, la configurazione di ogni stanza, sala, corridoio, toilette, nicchia, gioco di luci-ombre, sound-design ecc. accentua al massimo la percezione di un dress-code incorporato. Il gioco dei dress-code “somatizzati” ed esposti dalla location produce attrattori: ovvero tensioni comunicazionali e sensoriali che muovono soggetti che aspirano o hanno in qualche modo già anticipato una propria affine traccia di corpo panoramizzato. Bodyscape e location, quindi, come traccia: una variazione-successione di musiche e di impronte disseminate lungo sentieri non ancora esplorati.

Sia bodyscape che location esprimono attrattori sessuati in un gioco performativo con continue citazioni, scambi, inversioni, perversioni, multiversioni, subversioni. Entrambi sono come due entità dalle identità fluidissime e mutoidi che non hanno genere (maschile-femminile), luogo (pubblico-privato), ontologie (organico-inorganico), morale (bene-male), dicotomie (natura­cultura), gerarchie (alto-basso): bensì scorrono sui territori dell’oltre. La forza di tali attrattori non è oppositiva (per es. al potere) bensì si dirige sull’oltre.

Se il trucco, la maschera, la cosmetica rappresentano una sfida alla durezza supposta come “naturale” del corpo mono-identitario (permessi solo per feste particolari), ora essi si mescolano nella quotidianità incessante con il design e persino con il packaging.

Per diventare panoramatico, un corpo si traveste di design e si fa packaging, così come - per diventare localizzato – un interstizio si incarna di eccessi zoomorfi.

Questi attrattori non tendono a fare del due l’uno (bodyscape = location), bensì liberano le differenze irriducibili a ogni sintesi lungo un molteplice frammentizzato. Su tale differenza scivolante si gioca il dress-code.



- c) dress-code

Nel linguaggio della moda, si distingue clothing da dress:

-clothing si riferisce ai vestiti e accessori, gioielli, make-up, tatuaggi, piercing singolarmente presi;

-dress coinvolge e muove quelle pratiche che ne caratterizzano scelta, incorporazione, combinazione, assemblaggio, cut-up, morphing e, infine, la selezione verso il contesto;

-code , inoltre, è un codice che indica le scelte della trasformazione, le logiche sotto e sovrastanti l’attività semiotica che il corpo acquisisce sulla base di scelte spontanee/costruite da parte del soggetto.

Per cui, nel mettere insieme dress-code si sottolinea una pragmatica del corpo che si modifica, si costruisce, si risignifica attraverso continue e oscillanti scelte da parte di un soggetto mutante e molteplice, nella sua relazione costitutiva e mutevole con il contesto all’interno del quale esporre tale pragmatica comunicazionale.

Dress-code apre verso le polifonie del soggetto che sfida ogni identità fissa, compatta, unitaria, gioca con ironia/parodia con gli stili (etnico, dark, punk, fetish, folk, cosmopolita, ecc.), ibridizza il corpo come opus che assembla pelle, oggettistica, cosmetica, sensoralia; dialoga, evoca cita, indossa, crea lo spazio entro il quale si muove. Nel dress code ogni tratto non ha un significato codificato dall’uso (moda), tanto meno inconscio. I simboli sono fdecentrati e “giocati”, gli archetipi derisi e dissolti.

Dress-code stabilisce relazioni di sintonia, dissonanza, agglutinazione con “il locale” verso cui si dirige e da cui è attratto, per superare quella linea fatale e fatata dell’ingresso: vera zona liminoide che, una volta varcata, innesta il momentaneo scorrere del suo desiderio.

Dress code come location: una selezione desiderante di uno spazio-corporeo per un corpo­spaziato. La location è una cosmesi dello spazio-corpo fondata su attrattori elaborati e inscenati di volta in volta. La costruzione di un panorama corporeo che è significativo per determinate scene e relazioni con l’altro.

Dress code è in between la location e bodyscape.

Dress code ti incarna come soggetto in quel momento, in quel posto, con quelle persone: dress code come cosmogonia. dress code è la chiave d’accesso: è la password che unisce o favorisce lo scambio (il crossing) ibrido tra location e bodyscape.



-d) attrattori

Attrattori sono codici visuali ad alto valore fetish che assorbono attenzione nei loro movimenti inter e intra-spaziali. Accentrare sguardi è aspirazione immanente di ogni attrattore: penetrare e farsi penetrare dall’occhio e dalla sua molle vischiosità erotica.

L’attrattore è eroptico.

Gli attrattori comunicano – seducono - l’emergente. Gli attrattori sono policentrici e polimorfi, sincretici e fetish. Gli attrattori inscenano enigmi silenziati: sono rebus somatizzati da esporre in un particolare ambiente per uno specifico pubblico. L’attrattore ha (è) una fisicità semiotica: esso è determinante per il morphing cui si sotto- e sovrappone il soggetto. I tessuti intertextuali somatizzati come attrattori sono interzone (corporali e spaziali: corpi spaziati) costitutive del dress-code.

L’attrattore si coagula su uno o più punti distesi nei panorami corporali e spaziali, e – ancora di più – nella relazione eroptica tra loro e con lo sguardo mobile del soggetto metropolitano­comunicazionale: il cui flusso-di-sguardi tenderà a ruotare la sua traiettoria visuale intorno a tale punto. L’attrattore è quindi un spazio-di-fase (o spazio-di-transito) che esercita un appeal eroptico verso corpi pieni-di-occhi attirandoli a sé.

Il design etnografico si distende nella ricerca empirica e inventiva di sempre nuovi attrattori: ovvero indicatori comunicazionali ad alto contenuto eroptico.

È quindi molto riduttivo vedere nel dress code solo la password corretta per entrare nel posto giusto, per poter sentire o - direi proprio - subire l’eccesso esaltante della selezione che attraversa il proprio corpo assemblato per varcare (ed essere varcato da) la soglia. Se un locale “ordina” un tipo di dress code come chiave d’accesso ed elenca lo stile giusto cui sottoporsi, sta inesorabilmente regredendo su un’etica da caserma o collegio seminarista. Banale riproduzione peggiorativa di imposizioni coatte di identità uniformate.



- e) Interstizio

Interstizio è parte dell’esperienza metropolitana, ne è elemento significativo per quei soggetti che – anziché uniformarsi ai luoghi – creano spazi attraverso il loro trans-correre con un corpo panoramatico che ha somatizzato codici ancora incerti e invisibili ma che possono produrre senso. Non certo un senso collettivo, poiché questo è finito (si spera per sempre) con la fine della città industriale, della piena modernità, della politica generalista: bensì un senso, un sentire che continua a esprimere l’irriducibile antagonismo del frammento verso ogni resurrezione o nostalgia collettiva a carattere totalizzante.

L’interstizio muove la città verso la metropoli comunicazionale.

È tra queste zone di margine – che non per questo stanno nella cosiddetta periferia, anzi, la nuova metropoli ripensa in modo radicale il tradizionale nesso centro-periferia – che sorgono, mutano, scompaiono, rinascono le location delle culture: e il soggetto che ha somatizzato il dress-code attira ed è attirato da tali mutanti location.



f) Spiraglio

Spiraglio è la frattura: l’orifizio frastagliato, la cavità oscena, la convessità arrogante, sezione trasparente, angolazione opaca, slacciamento di legami. Spiragli offrono a sguardi slacciati ciò che ancora era invisibile in quanto sospirato per eccesso. Tra corpi e interstizi si aprono spiragli desideranti di corpographie.



g) Pragmatica

La pragmatica consiste nel gioco che la cosmesi esercita in entrambi i poli dei corpispaziati per liberare intrecci possibili tra bodyscape e location. Il soggetto o direi meglio il multi-viduo che indossa … si fa indossare … da dress-code si muove: il suo movimento è una pragmatica semiotica il cui senso è dato da questo attraversamento e non dalla stanzialità cosmetica. Anziché sedentaria, la cosmetica multi-viduale è diasporica, cioè disseminativa di insinuazioni.

Un’etnografia del bodyscape sottolinea pragmatiche del corpo in corso, in corso-di-corpo, che si risignifica attraverso continue, oscillanti scelte di un soggetto in mutante pragmatica comunicazionale.



►► Intermezzo di tracce

►Location e bodyscape: spiragli interstiziali per CORPI PIENI-DI-OCCHI : dove corpi-oggetti e body-corpse lasciano tracce

►Bodyscape: corpo panoramatico che fluttua tra gli interstizi della metropoli comunicazionale. Attira ed è attirato da mutanti location. Si apre co spiragli slacciati.

►Location: è un luogo, uno spazio o una zona interstiziale che inscrive simmetrici movimenti di corpi panoramatici

►Dress-code: è una pragmatica del corpo che si modifica, costruisce spazi, risignifica feticci attraverso scelte cosmetiche di un soggetto mutante



-dress code come location: location del corpo.

- dress code è la chiave d’accesso: è la password che favorisce il crossing tra location e bodyscape.

►Attrattori: codici visuali ad alto valore fetish che seducono l’emergente. Gli attrattori sono policentrici e polimorfi. Gli attrattori inscenano enigmi silenziati: sono rebus somatizzati.

►Tra dress code, location, bodyscape vi è una polifonia di narrazioni, un sincretismo di citazioni, un feticismo body-corpse



Tra dress code, location e bodyscape vi è una polifonia di narrazioni, un sincretismo di citazioni, un feticismo translucente di body-corpse.

Il dress code come cosmogonia temporanea e fluida. Cosmogonia cosmetica che indossa – incorpora – codici. Codici danzanti. Incroci, innesti, citazioni, dialoghi, montaggi. Corpo come clip. Codici che vibrano. Dress code suona più che parla. Dress code come tecnologia dell’incorporamento parassitico: come codice di trans-gresso: tra abito-corpo, oggettistica e location. Bar-code: dress-code: bodyscape. L’oggettistica è corpse. Cadavere che torna body per una zona. Trasfigurazione fetish di body-corpse.

I locali fetish hanno anticipato il dress code come bodyscape : relazione subversa tra architetture di interni e somatizzazioni in esterni. Si afferma una pragmatica dell’architettura che è vissuta e agita solo in quanto mossa e riempita da un determinato stile-di-corpi. Il nuovo fetish visuale è una location.

Body-fetish: fetish-zone. Capitolo 2: metropoli comunicazionale

“Il passaggio interstiziale fra identificazioni fisse apre le possibilità di un’ibridità culturale che accetta la differenza senza una gerarchia accolta o imposta”

Homi K. Bhabha (2001:15)

- a) metropoli comunicazionale

La differenza tra la metropoli ottocentesca (quella percorsa da Benjamin) e quelle contemporanee è che queste – anziché da flaneur - sono attraversate e incrociate da soggetti diasporici che non è possibile fermare con la forza né con le leggi. Non solo. Tali soggettività diasporiche innestano sincretismi comunicazionali inquieti e inquietanti. Una metropoli che non sappia farsi vivere e modificare dalle diaspore perturbanti si irrigidisce come città tradizionale.

Il soggetto diasporico non è più connesso con la sua matrice “etnica” (ebrea, africana, armena ecc.): è un soggetto disconnesso, che sceglie di attraversare i flussi metropolitani e comunicazionali mettendo in discussione ogni solida configurazione di ciò che è stato razzializzato, etnicizzato, sessualizzato da parte della logica classificatoria dell’Occidente.

Questo significa che, per intendere il flusso contemporaneo, si deve osservare come vero soggetto in movimento la nuova forma della metropoli comunicazionale (Canevacci, 2003). Una città-metropoli non più industrialista, modernista, progettata all’interno di una opposizione centro­periferia, basata sul radicamento identitario del lavoro diviso in classi sociali omogenee, o della famiglia divisa in ruoli maschili-femminili stabili, cui la politica, la dialettica, il partito davano forma, sostanza e conflitti. Il centro produttivo urbano della fabbrica dava non solo il tasso del valore economico, ma anche ordine tramite la visibilità materiale del sociale, i legami forti e compatti come le identità.

Il mix-ibrido di cultura-consumo-comunicazione-tecnologie sta spazzando via la centralità industrialista della vecchia città e persino della metropoli benjaminiana che pur aveva “visto” per prima l’importanza della nascente comunicazione. Per questo la metropoli comunicazionale – nello stesso tempo tutta materiale e tutta immateriale – si estende lungo vaste areee di conurbamento ben precisate dal termine sprawl, la cui esposizione transnazionale e trans-territoriale ne determina l’importanza non solo produttiva quanto anche percettiva, emotiva, valoriale. Insomma lo sprawl comunicazionale ha sensi plurimi e multi-sequenziali su cui si innesta nuovi tecno-sincretismi attraverso mutanti panorami urbani e creatività antropofagiche che rimasticano stili, incrociano vari codici, rigenerano ogni sguardo.

Elementi parassiti e diasporici possono respirare negli interstizi delle metropoli.

Gli architetti più innovativi si innestano dentro le molteplici dimensioni dell’avatar e diffondono nuove dimensioni poli-logiche e multi-prospettiche: avatecture. Secondo il manifesto dell’architetto Michael Heim, avatecture è un morphing tra avatar e architettura, che esprime alcune tendenze della nuova metropoli comunicazionale:

“Architecture is becoming avatecture: Physical buildings morph into virtual structures that generate online avatar communities. The avatars discuss prototype structures in virtual reality, and the physical structures become multimedia visualizations - a magic theater where buildings acquire networked significance. Avatecture injects transformation into physical structures, merging clicks with bricks, enlivening re-configurable buildings with flexibility, change, and soft significance. The avatect is a shaman who creates interactive visions, who initiates a shared version of future habitation. The shaman dances the community into a dwelling that responds to shared visions and that can later morph to accommodate the passages of time. The physical edifice becomes a theater of endless possibilities” (. www.mheim.com)

Kas Oosterhuis (2003:14): “The ParaSITE body is an inflatable sculpture that constructs language in real time. It absorbs sounds from the local environment and from the global Internet; it instantly uses the sounds as nutritious samples for hungry computer programs producing a complex soundscape. The sound is connected to the light. ParaSITE performs during the night what it learned that day. ParaSITE is an early attempt to accept the fact that architectural bodies may need to develop an e-motive intelligence of their own”.

Betsky–Adigard (2000): “Architecture must articulate the relationship between body and landscape. It must ground us. Morphosis: translucency is a quality of the floating world. Floating world comes alive at night, in secret courtyards and in rooms that open up beyond shoji screens. It is concentrated in certain quarters but permeates the city with a sensual reality”

E-motive architecture di Oosterhuis – architecture must burn di Coop Himmelblau – Avatecture di M.Heim: costituiscono una trama che connette un fluttuare di forme, cose, oggetti, situazioni mobili che intessono panorami mediterranei le cui frontiere sono porose e infinite come le possibilità creative di ogni soggetto diasporico che desideri trans-locare verso codici espressivi ancora da innovare. Se architettura, design, installazioni si collocano sulla mobilità sincretica mediterranea, l’antropologia e in particolare le sue metodologie di ricerche empiriche – l’etnografia

– spingono all’auto-creazione interminabile lungo itinerari (routes) inesplorati e sconfinanti.

Incroci e attraversamenti “sentono” le svolte dislocanti del sincretismo tecnologico (syn­tech). Il syn-tech è dislocante e diasporico, per questo scorre liquido, interminabile, inafferrabile. Le diaspore syn-tech gemmano transculture.

Comunicazione visuale Interstizi fluttuanti Incroci dislocanti Soggetti diasporici Culture sincretiche Habitat traslocanti Logiche multisensoriali ParaSITE soundscape Metropoli comunicazionale

- b) Etnografia e comunicazione visuale

Gli intrecci tra antropologia e comunicazione visuale si possono collocare sulle prospettive offerte dall’etnografia. L’etnografia, infatti, contiene diverse metodologie di ricerca empirica applicate su diversi fieldwork: dall’affermazione degli studi culturali in poi, con tali metodi si intende configurare la disposizione del soggetto che fa ricerca sui territori (materiali/immateriali) della sperimentazione così come emergono anche confusamente e in modi non lineari tra gli interstizi della comunicazione metropolitana, etnica, generazionale, di genere, soggettiva. Sperimentare i flussi della metropoli comunicazionale – sempre più sincretici, frammentari e pluri­sensoriali – implica un nuovo posizionamento del soggetto. Il soggetto posizionato è un soggetto che si disloca in una riflessività etnografica: ciò vuol dire che si dispone o trasloca nelle sue mutanti parzialità determinate da un identità che non è più fissa, compatta, unitaria, stabile (come poteva essere vissuta e oggettivata nella piena modernità industrialista), bensì molteplice, scorrevole, fluida, spesso tessuta a patchwork, smossa dai confini incerti che caratterizzano l’appartenenza a un determinato genere, etnicità, strato sociale, generazione, spazialità, mobilità: e anche disciplina. Questi confini incerti caratterizzano l’esperienza metropolitana in between gli spazi che configurano le location. Tale concetto è utilizzato etnograficamente come caratterizzane fluidità interstiziali piuttosto che le stabilizzate identità fisse (e fissate) nei luoghi.

Una comunicazione visuale che non riproduce il dato ma innova i codici si dovrebbe posizionare sulle prospettive offerte dall’etnografia. Fare ricerca, quindi, sollecita un costante posizionamento e riposizionamento del soggetto, nelle sue fluttuanti identità che possono favorire un corpo (nel senso di bodyscape) percettivo che transita nelle diverse locations.

La costellazione etnografica si presenta nei movimenti dislocanti che (analizzati in dettaglio nel corso del seminario) attraversano, connettono, frammentano, assemblano i seguenti concetti­guida o indicatori etnografici: spaziali, comunicazionali, inter e intra-viduali:

-lametropoli comunicazionale, post-dualista (materlialimmateriale), come emerge oltre“luoghi” del moderno

-gli stili del consumo caratterizzanti il contesto post-industriale e comportamenti digitali

-le locations come spazi in between porosi/spugnosi, interzone ibride, e-space

-il bodyscape vissuto tra percezioni multi-sensoriali/pluri-logiche di un corpo pieno-di-menti (mindfull body)

-i sincretismi che liberano danze-dei-codici in un mix di polifonie transculturali

-gli attrattori semiotici addensati negli oggetti come un dress-code, che textualizzano una fisiognomica-del-design

-l’eroptica come farsi-occhio, desiderio riflessivo che si innesta nello sguardo, che osserva e si osserva

-un soggetto diasporico posizionato in quanto multi-viduo (eus, my-selves, ii) su routes e non tanto su roots

- c) metropolis comunicationalis

La metropoli comunicazionale, post-dualista come emerge oltre i “luoghi” del moderno - gli stili del consumo caratterizzanti da comportamenti digitali - le locations come spazi in between - il bodyscape vissuto come un corpo pieno-di-menti- i sincretismi che liberano polifonie transculturali

-gli attrattori semiotici incorporati negli oggetti come dress-code - l’eroptica come farsi-occhio riflessivo - un soggetto diasporico posizionato in quanto multi-viduo su routes e non su roots

Vi sono precedenti a questo mutamento epocale e alcune di queste tendenze sono state anticipate con visionaria lucidità da Musil in un suo romanzo che ha al centro la decomposizione della Vienna capitale universale; in questa citazione egli evoca una metropoli anni ’30 che sfida l’attuale anomica condizione: “Non diamo particolare importanza al nome della città. Come tutte le metropoli era costituita da irregolarità, avvicendamenti, precipitazioni, intermittenze, collisioni di cose e di eventi e, frammezzo, punti di silenzio abissali; da rotaie e da terre vergini, da un gran battito ritmico e dall’eterno disaccordo e sconvolgimento di tutti i ritmi; e nell’insieme somigliava a una vescica ribollente posta in un recipiente materiato di case, leggi, regolamenti e tradizioni storiche” (Musil, 1996:6)

E’ il primo capitolo, il primo paragrafo, la prima pagina de L’uomo senza qualità di Robert Musil, per cui è chiaro che l’autore ha voluto assegnare a questo incipit un valore di fondazione, in quanto tale città-senza-nome (capitale dello stato di Cacania) è anche il contesto espressivo, politico e teorico dentro il quale si svolge la narrazione che anatomizza la crisi del ‘900. Parafrasando l’uomo, anche la metropoli è senza qualità. Infatti le cosiddette “qualità” appartengono a quelle persone dell’impero austro-ungarico che non si accorgono della decomposizione in corso d’opera di un sistema politico-culturale dentro il quale la sua capitale – Vienna - che non arriverà mai a festeggiare i 70 anni del suo imperatore. Assieme al genetliaco si avvicina la sconfitta dell’impero nella prima guerra mondiale.

Forse proprio per questo, come è ampiamente noto, si liberano tante forze creative dal proprio corpo-in-decomposizione. Musil è una di queste personalità straordinarie che riesce a dare il senso di una condizione metropolitana molto meglio delle contamporee celebri ricerche della Scuola di Chicago: irregolarità, intermittenze, collisioni, aritmie designano proprio la metropoli come enorme vescica ribollente fatto di recipenti materiati. Sao Paulo è stata ed è ancora così. La città polifonica ribolle. Ciò che si aggiunge coinvolge la tecno-comunicazione.

Per questo, quella “cosa” che continuiamo a chiamare metropoli sta assumento connotati sempre più sfuggenti e multipli che sfidano le classificazioni tradizionali: metropoli senza-nome o dai molti-nomi. In ogni caso la metropoli contemporanea – cui si può consegnare un vago aggettivo di “comunicazionale” – è il contesto fluido e innovativo che libera roots (radici) e mescola routes (itinerari, attraversamenti, incroci): ed è anche un laboratorio che sfida le tradizionali divisione delle discipline. Non si “sente” la metropoli se ci si rinchiude nello specifico architettonico, urbanistico, sociologico, antropologico, estetico e via di seguito: si sente se si intrecciano metodologie decentrate e dislocanti.

La trans-disciplinarietà non vuol dire mettere insieme più discipline, bensì consiste nel creare un nuovo oggetto che non appartiene a nessuno. Questo nuovo oggetto è la metropoli comunicazionale. Meglio: la nuova metropoli è soggetto transdisciplinare che non appartiene a nessuno e che proprio per questo tutti dobbiamo attraversare e incrociare. Criss-crossing.

Questo transito è caratterizzato dalla tendenziale dissoluzione della produzione industriale, che costituiva il centro identitario, politico e mnestico della città (il suo “monumento” per eccellenza, con le sue classi precise, la dialettica sintetica, i dualismi centro-periferia, pubblico­privato, cultura d’élite-cultura di massa). Le innovazioni complesse e plurali che hanno favorito, accompagnato, anticipato tale dissoluzione sono il citato trittico: consumo-comunicazione-cultura.

Shopping center, malls, theme park, gentrification, musei, pubblicità, vetrinistica, mostre, sfilate, esposizioni, vacanze, convegni: tutto questo sta ridisegnando il vivere materiale-immateriale del nuovo sentire metropolitano. La competizione tra le metropoli avviene su questo piano, non più sulla quantità di merci che si posso produrre o stoccare, quanto sugli scenari tecno-comunicazionali e expo-culturali che ogni metropoli offre in panorami glocal.

La cultura e la tecno-comunicazione dei consumi subentrano alla tradizionale società dei consumi e la dissolve.

Le nuove tecnologie stanno avendo un ruolo decisivo su questo passaggio: le rappresentazioni architettoniche, urbanistiche o delle scienze sociali e comunicazionali incorporano e diffondono una molteplicità sensoriale di panorami.

E questo sta accadendo nei paesaggi fluidi della metropoli comunicazionale: gli edifici diventano spazi di performances senza-fine, da cui emerge - insieme alla comunicazione digitale - la multi-dimensione dell’avatar come bodyscape della nuova metropoli, che focalizza i mutamenti visuali e visionari dell’identità . Avatar significa - in un senso metaforico dalla filosofia hindu originaria come molteplice manifestazione del dio – l’esperienza di una soggettività multi-viduale e, allo stesso tempo, la auto-produzione di linguaggi multipli. Avatar è una sfida verso ogni discorso monologico e verso ogni identità fissa.

Nel bodyscape si intrecciano codici corporali e archiettonici, entrambi trasformati in paesaggio. È questo il paesaggio metrolitano per eccellenza. È qui che passa la metropoli comunicazionale. Lungo queti flussi panoramatici, si visionano anche i panorami etnici che rimesconalo e ridisegnano i frammenti dentro ogni incastro urbano; la metropolis comunicationalis somatizza divergenti flussi mediatici attraverso pubblicità, moda, video-music, stili di comportamento, codici corporali, gesti, gergo, seduzione, erotismi, feticismi. Questi flussi corporali-panoramatici sperimentano innesti pervasivi tra corpi-metropoli-media. E le location tengono conto di tutto questo fluttuare e attraversare come se fossero corpi inorganici che si strappano la “in” e diventano pienamente e post-dualisticamente organici.

In questa prospettiva, le semiotica si è svincolata progressivamente da ogni tentativo sistemico che negli anni passati ha visto nascere ordini interpretativi tutti naufragati nei flussi conflittuali, cangianti, sincretici. Proprio la nuova metropoli comunicazionale performa e mette in crisi ogni tentativo “ordinante” di composizione urbana. Una nuova semiotica irregolare e conflittuale scorre lungo gli anzidetti panorami e sfida ogni lettura sistemica, regolare, generalista.

Dress-code attesta il passaggio dai paradigmi idustrialisti (monologici) alla molteplicità post­paradigmatica (plurilogici) delle location sempre più affini a set mix-mediali, performing art, installazioni di strada. Dress-code alita dai luoghi tayloristi della produzione agli spazi del consumo Gruen). Sensoralia.

Nelle metropoli comunicazionali le avatectures sono locations materialimmateriali dense di corpi panoramatici, che nascono e muoiono e risorgono in uno scenario metropolitano in costante flusso, dove permane solo quello che svanisce nell’aria come flusso comunicazionale. In queste locations, il corpo diventa attore e scenario: il corpo assume precise pragmatiche comunicazionali per affinità, contrasto, tensione, mutamenti, frammentazione, assemblaggio. Tutto questo transita tra bodyscape e dress-code. Codice di ingresso e di acclaramento con cui il soggetto investe temporaneamente il corpo spaziato con attrattori mutanti. Gli attrattori sono semiotica che danza. Etnografia del design. Corpographia.

Bodyscape è cosmesi che si fa cosmo e location.

Capitolo 3: soundscape: soundesign

a) Design traslocante

Il design transloca come l’etnografia. Etnografia e design - nel loro spostarsi tra gli spazi - sono anche uno spostare lo spazio. Spostare lo spazio è dislocare la cultura del soggetto e innovare la comunicazione: configurare un design che trova in aree geo-culturali diverse l’attrazione verso geofilie ibride, frammentarie, simultanee. Questo contesto spugnoso interstiziale oscilla tra luoghi-spazi-zone, intreccia familiare e straniero, percepisce il visibile-invisibile, sincretizza l’oltre emergente.

Il traslocare non appare più segnato da ansie e angosce, bensì come un dislocamento dell’ordine domestico (addomesticato) degli oggetti e della percezione sensoriale che con questa stabilità oggettuale si era abituata a convivere. L’identità ben temperata ha accompagnato molte generazioni di individui: il transloco acquisisce nuove prospettive semiotiche, stili comportamentali, attrattori immaginativi.

Il traslocare, infatti, non coinvolge solo mobili e suppellettili: esso extravolge l’ordine percettivo delle cose e, in tal modo, favorisce una moltiplicazione della propria identità data. Nel trasloco si può affermare il desiderio di non ripetere - e di non sentirsi ripetuti da – l’ordine domestico, l’ordine addomesticato di mobili e pareti, oggettualità fisse e fissate. Mobili e pareti come “fissazioni” del proprio corpo-oggetto. Il trasloco può essere percepito oltre l’ordine domestico, la sua stantia normalità, la sua prevista solidità. Nel traslocare degli oggetti-corpo si prefigura un traslocare del corpo-soggetto e delle sue identità piene di menti.

Identità traslocanti per oggetti che non fissano più staticamente il suo inquilino servo-padrone. Muoversi attraverso flussi dissonanti e sincretici (location e bodyscape) produce un’etnografia del trasloco per assemblaggi di visori non-familiari, concetti non-addomesticati, movimenti pluri-identitari. Mix-cult.

Anziché anestetizzare il corpo nell’esperienza domestica del soggetto, tale hybrid-mix del design sollecita un uso moltiplicativo e non sottrattivo di un corpo esteso nelle sue protesi comunicazionali e oggettuali: ex-teso – teso al di fuori delle norme stabili. La somatizzazione semiotica emerge non più come patologia che deforma corpi e cose, ma come prassi corporea che moltiplica e mobilita corpi-oggetti incarnati in prassi spaziate.

- b) etnografia edesign.

Una relazione costitutiva tra design ed etnografia si (de)localizza nel lavoro come opus. La fine tendenziale dell’era industriale implica anche la fine di una concezione dell’oggetto diversa da quella tradizionale, in cui la prospettiva del design aveva fatto scuola; così come ha sospinto la ricerca etnografica classica a mutare “oggetto”, metodi, paradigmi. Se non è più quella tipologia del lavoro ad essere centrale: l’ipotesi presentata qui sollecita il design ad incrociarsi con l’etnografia in quanto per entrambi si tratta di reimpostare la ricerca sul campo. Non nella fissità dello studio e tantomeno nell’immobilità del soggetto, bensì nella scelta consapevole e desiderante di rimettere tutto in gioco e calarsi nelle zone del non-ancora-determinato, si consuma lo smarrimento dislocante e l’elaborazione discontinua.

Questo smarrimento in cerca di nuove elaborazioni produce legami affettivi tra etnografia e design: tra antropologia, architettura, comunicazione visuali . L’oggetto dell’etnografia (il nativo) diventa una piena soggettività altra che interpreta quanto è interpretato; l’oggetto del design fluisce e si fruisce in una relazionalità individualizzata polisensoriale esperita oltre il dualismo materiale­immateriale.

Così il lavoro dell’etnografo e il lavoro del designer si incrociano lungo possibili modulazioni narrative di cui – anziché focalizzare i rispettivi prodotti come testi – qui si accentra la riflessione proprio sulla parola più complessa e con il più alto tasso di mutazione immanente che è, appunto, il lavoro-opus. È sul processo e non sul risultato che si posiziona l’etnografia del design.

Ed è significativo che entrambe le prospettive sconfinano: il contesto metropolitano, in primis, emerge come fieldwork per trame su cui la partecipazione attenta e obbliqua di entrambe diventa costitutiva: l’area dello sprawl - così incrostata di segni e simboli, quanto smaterializzata da translucenze tecno-iconiche - produce spazi discontinui, irregolari, autopoietici, in continua metamorfosi parassitica. Spazi, zone, interstizi vanno vissuti dentro ogni coagulo caotico (nonorder) con una sensibilità verso quei dettagli minuziosi di grafismi urbani e di comunicazione visuale che si inscenano e si ibridizzano al suo interno.

L’area metropolitana è il contesto smosso su cui si dirige l’etnografia del design che seleziona la comunicazione come elemento caratterizzante i processi anche produttivi e del consumo che una volta si fissavano nel concetto (moderno) di società. Tutto questo si innesta sulle mutazioni profonde che hanno intaccato il concetto di lavoro così come si era costituito nella società industriale. Il transito da questa éra alla nuova metropoli comunicazionale, alla cultura digitale, ai corpi-identità mutanti impone soluzioni osservative, concettuali ed espressive radicalmente altre.

-c) soundscape e design. Esprimere un design diasporico significa avere una attitudine etnografica che si accende nel fare ricerca sull’altro, anche il più diverso dal proprio sé, non per imitarlo, assimilarlo o tanto meno assimilarsi, bensì per sviluppare nuove sensibilità performative nei diversi campi dei saperi espressivi. Anche e soprattutto in quello musicale. Posizionarsi nelle radicali insofferenze musicali è costitutivo per avvertire fasce creative tra design e etnografia, come è stato fatto in un recente seminario in Francia che ora svolgerò come espirazione per un sound-design.

Il design diasporico incontra una musica che evoca relazioni possibili tra etnicità, serialità, avanguardie, il cui ascolto è progettuale per nuove visioni nelle zone in between l’etnografia del design

Propongo un diverso uso etnografico del concetto di sound-design: esso configura geometrie visuali basate su diversi processi polifonici, poliritmici, iterativi, disordinanti. Le astratte composizioni soniche disegnano precisi itinerari mental-corporei che possono ricadere sul design come sulla scrittura oppure su altri generi compositivi. Un design diasporico incontra gli Aka, Giörgy Ligeti, Steve Reich. Purtroppo, per l’unico pregiudizio eurocentrico presente in questa straordinaria esperienza sonica, i musicisti Aka qui non hanno nome individuale: solo quello “etnico”. Essi sono noti anche come “pigmei”, altro termine denso di pregiudizi e abitano l’Africa centrale vicino al fiume Ubangi. Erano nomadi e, come molte culture di questo tipo, sono diventati sempre più sedentari. Ma la loro musica continua a sbalordire e a mescolare e a sperimentare nuovi polisounds.

Il cd edito da Pierre-Laurent Aimard – African Rhytms – è esemplare per una etnografia sonica applicata al sound-design. Giörgy Ligeti – musicista ungherese influenzato da Bela Bartók oltre che dalla scuola seriale di Darmstadt, scelto da Kubrick per la sua “Odissea” – racconta che, mentre stava nell’università di Stanford a Palo Alto come compositore residente, scoprì la musica di Steve Reich, in particolare quell’intreccio tra semplicità e complessità che rileverà successivamente nelle sue ricerche in Africa. E in effetti Reich da tempo ricercava la strumentazione non solo vocale del corpo umano per produrre variazioni seriali su moduli differenziati, giocati con diverse ritmiche ripetitive su graduali variazioni minime. Da queste premesse, Aimard inventa questo seminario, in cui le reciproche influenze tra poliritmie Aka, serialità Ligeti, minimalismi Reich si inscenano e incrociano in una straordinaria sperimentazione non solo musicale che esplora opus-sound-design potenziali infiniti. Questa è antropologia della musica, che innesta la c.d. musica etnica con quella jazz d’avanguardia e quella seriale di matrice “classica”. E in questo procedere le nozioni non solo musicali di etnicità, avanguardia, classica si svuotano dei loro significati fissi, stabiliti, disciplinati. E si entra nel design exteso.

Gli Aka, infatti, svolgono un tipo di musica fortemente ritualizzata all’interno della loro cultura, sedimentata in villaggi con una trentina di persone, senza autorità centrale, monogami e privi della parola che indichi “famiglia”. La musica permea ogni attività sia quotidiana che ritualmente data. Ogni voce solista ha una sua autonomia di scala, così come il battito delle mani (clap), i tamburi e altri strumenti. La musica connette in ogni performance i diversi mondi coesistenti, le fasi della caccia o della raccolta del miele, le presenze “ancestrali o di “spiriti” animali o della foresta. Questa musica è essenzialmente vocale e ha questa caratteristica: è basata su svolgimenti di polifonie ritmiche eseguite autonomamente da ciascun musicista, che – separato/unito con gli altri - segue le sue scansioni ritmiche scalari. Tali figure poliritmiche scompongono ogni sistema ordinato (lineare) di ascolto o di esecuzione, procedendo per contrappunti in reciproca ambigua tensione, per cui “ambivalence becomes a structural principle” (Arom-Schoman).

La differenziazione poliritmica afferma l’autonomia vocale individuale, ovvero un contrappunto per variazioni casuali e ambivalenti tra i vari contemporanei moduli. Le composizioni si basano su questi moduli (patterns) che variano in modo illimitato, da qui la dislocante densità di questi brani: “every piece is based on the uninterrupted repetition of period of unvarying lenght, appearing under the mantle of ever-new variations. Although their art is based on clear mathematical principle, Aka do not have an explicit theory” (Arom-Schoman). Il contrappunto vocale e strumentale favorisce un panorama sonico in cui ognuno esprime la propria individualità nelle variazioni possibili del set, emettendo una polifonia ambivalente, dissonante, complessa, pardossale.

La polifonia paradigmatica si costituisce nell’assoluta autonomia di ciascun sintagma vocale che trova congiunzioni assonanti/dissonanti determinate dalla casualità e dalla molteplicità di tutti gli altri strumenti e voci.

Ligeti così spiega la sua scoperta di tale paradosso: “the patterns performed by the individual musicians are quiete different from those which result from their combination”. E così l’ascolto inizia a percepire una forte tensione interna tra accelerazioni e rallentamenti, tra costanti e alcuni battiti (pulse) varianti: per cui l’assoluta simmetria dell’architettura formale si intreccia con una altrettanto fondamentale asimmetria interna alla divisione in moduli. “What we can wittness in this music is a wonderful combination of order and disorder” (Ligeti)

Le fughe soniche esplicitano grafismi asimmetrici, dissonanti e contrappuntistici. Opus.

Ora il design come opus dovrebbe apparire chiaro nei suoi molteplici significati e pratiche possibili: posizionarsi come soggetti al di là dello schieramento disciplinare; farsi attraversare dai fili itineranti del disorientamento; fare etnografia, cioè ricerca micrologica sul campo per decifrare i mutamenti disgiuntivi dopo l’era industriale; percepire l’irrompere di nuove culture, l’emergere della tecno-comunicazione digitale e del consumo performativo, il declino del sociale; produrre come activo il nesso fetish oggetto-soggetto basato sull’esperienza di un individuo molteplice (multividuo); immaginare un design sfacciato che somatizza la mimesi. E, infine, disporsi all’ascolto poliritmico e polifonico, contrappuntistico e seriale, alle ambivalenti combinazioni di ordine e disordine, in cui ogni ripetizione è nello stesso tempo un’innovazione. E tradurre l’ascolto in design che oltrepassa ordine e disordine, simmetria e asimmetria, spontaneità e regola.

Questo incrocio è esemplare per uscir fuori dall’esotismo presente anche in tanta della cosiddetta World Music. Le polifonie Aka – che grossolanamente definisco “etnica” – sono strappate al loro patrimonio localistico, da cui riparte la ricerca etnografica anziché concludersi come in passato. Esse si incrociano con le serialità elettroniche atonali e con le variazioni minimaliste jazz. Influenzano non solo le capacità compositive di Ligeti o Reich, quanto le visionarietà per imagos che si possono tradurre in segmenti grafici. Forse i grafismi sono legati più strettamente di quanto si possa immaginare alle dissonanze soniche. In un certo senso il design è sempre anche sound-design. O dovrebbe esserlo. Anzi: vorrebbe esserlo.

Nel lavoro come opus, l’etnografo designer si ascolta in quanto traslocante verso paesaggi sonici inauditi. È l’inaudito che sollecita - commuove – l’etno-designer a “sentire” qualcosa di ancora irrappresentato. Non tanto oggetto, forse non più merce immateriale e neanche res: una extrasistole pulsante dell’opus.

Bibliografia
Bhabha, H.K. 2001 I luoghi della cultura, Roma, Meltemi Betsky, A. - Adigard E. 2000 Architecture Must Burn, Ginko Press, San Francisco Canevacci, M. 2003 Culture eXtreme, Roma, Meltemi 2004 Sincretismi, Costa&Nolan, Milano (nuova ed.) Gilroy, P. 2003 The Black Atlantic, Roma, Meltemi Novack, M. www.I-skin.com Oosterhuis, K. 2003 Toward an e-motive architecture, Birkhauser, Basel


** Fonte: 1o Simpósio Sobre Comunicação Visual Urbana - LABIM

Palestra do antropólogo Massimo Canevacci

***Palestra organizada pelo LABIM (Laboratório da Imagem da Comunicação Visual Urbana), em um encontro chamado 1o Simpósio sobre Comunicação Visual Urbana, realizado no dia 25 de novembro de 2005 na FAU Maranhão, sede do curso de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Obrigado, muito , muito obrigado ao Prof. Issao Minami pelas suas palavras , eu fiquei muito , muito comovido pelas suas expressões e não somente de amizade , mas também de uma vontade muito clara, que descobri justamente aqui em São Paulo de fazer pesquisa no que poderia ser não só no passado, mas também no presente inovador porque para mim São Paulo foi fundamental, o conceito de comunicação urbana para mim nasce aqui . Nas minhas primeiras experiências em São Paulo, queria só dizer que naquele dia que cheguei era um dia de carnaval, o primeiro dia de carnaval , então no aeroporto não havia ninguém , porque ninguém poderia estar no aeroporto , então nisso eu fiquei ...não falava o português, também agora eu falo o português com algumas dificuldades e aqui "são" alguns amigos que podem me ajudar , que falam também italiano , então desculpe as vezes meu português é bom e as vezes não funciona, então esperamos que funciona sempre, mas no caso para pedir ajuda.

A segunda coisa que eu queria dizer é a condição da Metrópole é fundamental, a minha palestra será como focalizando a mudança dos códigos visuais na metrópole contemporânea , e eu acho que para desenvolver esse tipo de assunto é fundamental , também seria fundamental também utilizar os sunidos "sound", mas, infelizmente, por problema técnico não dá pra acompanhar a minha palestra com a música, eu queria fazer isso, não dá, então eu acho que somente no final eu poderia fazer escutar alguns momento de musica que eu queria muito, porque para mim é fundamental dizer isso que o conceito de polifonia é um conceito que está dentro da comunicação visual , mas é também relação com os "sunidos" não seja somente como musica, mas também como som também com o silêncio, bom o silêncio na Metrópole(...) é difícil de escutar-lo mas a experiência da contemporaneidade que talvez o silêncio não existe , mas não existem também outras coisas. Bom eu queria também dizer que a minha palestra queria que ser de um jeito mais seminarial e para mim um jeito seminarial é que se você tem uma pergunta fazer, pra mim é um prazer, você é somente "alçar" a mão e assim a gente poderia fazer uma coisa mais "dialegica" e mais polifônica , então cada pergunta pra mim é um momento excelente para esclarecer o meu ponto de vista, e será bem vinda. Então tá.


Então, desculpe, o título da minha palestra não tem somente um título , um título diferente o primeiro uma perspectiva metodologia da etnografia comunicação visual , a dimensão da etnografia, que Issao estava dizendo para mim , e isso é fundamental, etnografia não é uma vez era uma dimensão metodológica que pertencerá somente a antropologia , era o momento mais precioso, também mais difícil , mas , mas forte no sentido complexo da pesquisa do campo (...) muito , muito localizada; agora o conceito de etnografia fortunatamente não pertenence somente a antropologia, mas para mim cada pessoa , cada pesquisador que quer conhecer , interpretar e também modificar a forma da comunicação urbana , tem de desenvolver a sua própria etnografia. Então etnografia é também um elemento agora dos " ...." transculturais e não é casual que os filos culturais se desenvolva a etnografia na Metrópole . Ah, eu acho que não é possível desenvolver uma forma inovadora de conhecimento da Metrópole sem etnografia , então sem pesquisa bem micrológica , a relação entre pesquisa do campo , linguagem e forma de representação para mim é fundamental, portanto linguagem não é possível utilizar somente uma forma para dar o sentido da forma da Metrópole . A Metrópole não é somente polifônica , para mim também é transdisciplinar , então se a Metrópole é transdisciplinar , o transito , a dimensão transitiva da metrópole não pode ser localizado num único sentido, numa disciplina ; a forma, as formas das representações não podem que ser transdisciplinar, para mim esse desafio da transdisciplinariedade tem como momento fundamental a nova forma da Metrópole . Porque é um contexto empírico , não é um contexto somente teórico eu não quero enfrentar essa responsabilidade teórica, mas quero sublinhar a grande importância modificadora também do seu jeito de fazer pesquisa no momento do "free work" da etnografia.


Então , alguma imagem que eu vou comentar e outras eu acho que algumas imagens dá para se entender de um jeito também polifônico , então cada pessoa aqui pode interpretar.


Não sei, a luz está fácil para ver ? Está ótimo? Dá para ver, não tem problema.
O titulo segundo, terceiro seria bodyscape location, dress-code que vamos ver depois , alguns conceitos que para mim são fundamentais são conceitos que as vezes escritos em italiano, as vezes em inglês e as vezes em português, então se você tem problema se (...) quando escrito não dá problema , então a questão do mutação , a mutação do corpo é para mim o corpo mutante não é somente o corpo do ser humano , mas também é a mudança do corpo da metrópole , então a Metrópole é não um corpo , uma multiplicidade de corpos.


O segundo conceito é a relação entre sincretismo culturais e tecnologia, também por isso para mim é fundamental porque o sincretismo para mim não é uma coisa atrasada, que é ligada a questão da religião , etc. para mim o sentido complexo do sincretismo contemporâneo é a sua ligação com a tecnologia especialmente com a tecnologia digital . esse digital sincretismo , digital sincrética que é fundamental para mim . A ligação entre tecnologia e sincretismo é uma relação que se coloca também na identidade , a questão da identidade é que se não houve identidade tinha que ser uma fixa, compacta, uma pessoa tinha uma identidade por toda a vida, identidade ligada ao trabalho , identidade ligada ao sexo, a família , ao lugar ; é também a etnogricidade tudo isso profundamente a mudança de identidade para mim é um desafio maravilhoso porque não somente destruir , mas inventar além da nova identidade no cenário é uma coisa rica, preciosa , por isso é preciso desenvolver uma projeto de multiplicidade identidária, isto é identidades híbridas , isso é não somente um desafio, é uma perspectiva que eu " emparei " aprendi pela primeira vez aqui em São Paulo , 21 anos atrás , eu mais ou menos tenho 21 anos, todas as pessoas tinham mais ou menos esse tipo de obsessão sobre a identidade brasileira e para mim era estranho porque o que estava acontecendo , o que eu percebi que estava acontecendo aqui no Brasil, em São Paulo era uma coisa que estava antecipando o que poderia acontecer na Europa e na Itália , poderia, porque tudo mundo sabe que o que esta acontecendo agora na Itália, na Europa especialmente e na França , etc. é que são momentos político cultural para desenvolver um identidade, a identidade européia , a identidade francesa, etc. eu acho isso uma coisa horrorosa que reproduz uma forma de domínio , então nesse sentido a experiência brasileira é além da dimensão política muito tradicional da Europa é identidade híbridas , outro conceito é a Metrópole Comunicacional , para mim o transito da cidade industrial, a Metrópole Comunicacional é o trânsito que está acontecendo agora , esse transito necessita de uma mudança interpretativa, disciplinar , metodológica, escritural e de representação , esse trânsito para mim é significativo, São Paulo foi a maior cidade industrial da América Latina, em parte ainda é , mas o desafio de São Paulo não é ficar na cidade industrial , porque se fosse assim seria sempre mais marginalizada, o desafio da área metropolitana de São Paulo e também de toda essa área metropolitana é transitar na dimensão da comunicação , nesse sentido para mim o conceito tradicional de sociedade é um conceito atrasado. O conceito de sociedade é um conceito que nasceu no início do oitocentos se desenvolveu plenamente na Historia da Industrialização até o século passado XIX, mas agora esse tipo de conceito que é ligado a uma forma da política a dialética, uma forma de partido , uma forma de Estado ou de classes sociais bem determinada, e com tudo isso não dá um sentido muito mais desordenante, transformador que pode ser a comunicação, então Metrópole Comunicacional para mim é o contexto muito mais complexo, flutuante, fragmentário , desordenante, deslocante da contemporaneidade . Na sociedade o conceito era muito mais identidário, singular, na Metrópole Comunicacional tudo é múltiplo, essa multiplicidade pode procurar o susto, medo , um desejo de restabelecer a certeza do passado, mas eu acho que o desafio não é isso , não é restabelecer a certeza da mono-identidade, da monocultura, da mono etnotricidade, e do mono trabalho do passado, mas isso tudo flutuante, fragmentária, múltipla identidade.


Então o conceito que eu tentei apresentar corpo mutante, tecno-sincretismo, identidade híbridas, metrópole comunicacional é no contexto da etnografia da comunicação visual é , são para dizer melhor, elementos conceituais que para mim nasceram dentro desse tipo de conceito , isto é novas formas de conceitos de linguagem nascem dentro da pesquisa, não é um a priori, eu não tinha já esse tipo de conceito , por se eu tenho já um conceito , uma perspectiva eu vou confirmar o que já tinha a priori , eu acho que não é assim que a gente tem de fazer pesquisa, a pesquisa é um desafio sobre a mesma capacidade modificar formas conceituais e também posicionamento corporais, então esse é o desafio da pesquisa , o sujeito pesquisador não pode ficar como era antes da pesquisa, se ele , ela no final da pesquisa é o mesmo de antes significa que a pesquisa não funcionou. Esse é o sentido de deslocamento , aprender a de deslocar que é um paradoxo, um enorme e extraordinário paradoxo. Aprender a se deslocar significa que não pode ficar o mesmo do inicio da minha pesquisa. Então, ta claro, ta claro?
(Pergunta) O que se significa deslocar-se?.
Obrigado, deslocar-se significa que o posicionamento de uma pessoa que faz pesquisa, em particular, significa que eu não tenho uma objetividade do pesquisador , não tenho uma objetividade metodológica conceitual, eu tenho uma dimensão intersubjetiva no meu ponto de vista, que se posiciona , qual o meu posicionamento? O meu posicionamento é em primeiro lugar a critica de cada forma de objetividade , a segunda é explicitar a minhas identidades isso é o posicionamento, então um ser humano que tem uma origem na Itália, em Roma, mas não quero ser romano, italiano, europeu somente , mas tenho uma multiplicidade de fragmentos de identidade e tenho uma "etnotricidade" que não é aparentemente somente não somente africano, afro-brasileiro, etnotricidade é um termo muito, muito perigoso que a antropologia contemporânea coloca em discussão, mas essa explicitação problemática da etnotricidade é também minha, eu tenho uma etnotricidade e se eu quero modificar a forma concceitual e pragmática da etnotricidade eu tenho que dizer que eu tenho e não que não tenho. E tenho um posicionamento espacial, em primeiro lugar é um posicionamento ligado a um lugar , que depois vou explicar melhor.


Mas esse posicionamento espacial para mim significa que eu não tenho somente um pedaço que constitui a minha identidade, mas tenho uma , como dizer, uma não somente multiplicidade genérica, não sei exatamente quantos pedaços tem , quando me vou posicionar eu espero que depois esses pedaços vão se modificar. Então eu tenho um gênero, eu tenho uma idade, mas também o conceito de idade é mais complexo , tenho uma etnotricidade, tenho uma espacialidade, e tudo isso significa que eu me posiciono em identidades que é o resultado complexo, interativo desse fragmentos então esse é um posicionamento inicial quando tenho que fazer uma pesquisa, que tem que explicitar e que por experiência no final sou um pouco diferente , porque para mim a diferença é um desejo , é um desejo bem forte que eu quero colocar na metodologia, e a minha metodologia é a metodologia das diferenças.


Deslocar-se significa também que a forma de orientamento conceitual que eu tinha no inicio não pode ser igual no final . Significa também se eu me desloco os conceitos que eu já tinha não pode funcionar como se não fazendo outra pesquisa. Então como aprender a deslocar os conceitos , como aprender a deslocar identidades, como aprender a deslocar formas de comunicação etc, também o corpo tem uma localização e pra mim o corpo tem de se deslocar isso é o momento da pesquisa do campo, o deslocamento, aprender a se deslocar.


(Pergunta) o que o sr. está tentando explicar que quando a gente faz uma pesquisa é interativo, a gente passa a fazer parte dessa pesquisa e por isso a nossa observação inicial ela deixa ser isolada a (...)


Exatamente isso, deslocar-se significa , eu quero utilizar um conceito forte que descobri ultimamente na relação com a arquitetura, uma somatização de pedaços da metrópole , então eu incorporo ou somatizo , não no sentido patológico, mas patófilo, de uma patofilia , se pode -se dizer uma patofilia , dos elementos de uma metrópole e também que essa relação entre o meu corpo incorporar a paisagem metropolitana é um sentido que modifica a forma tradicional de entender o dualismo que para mim é a coisa mais, que reproduz domínios conceitual, não somente conceitual mas também político, o dualismo, então no dualismo o corpo metrópole para mim não funciona, não é mais uma ligação dualística, o corpo metrópole , mas justamente nesse sentido é uma multiplicidade ,isso significa que não é reduzir corpo metrópole a um , que seria outra forma de poder. È flutuar corpo metrópole na multiplicidade.


Então vou apresentar o conceito de bodyscape, e location.


Eu utilizo duas palavras em inglês , pelo motivo seguinte : que inglês tem uma capacidade de inventar palavras como o grego antigo , o contemporâneo o alemão, mas a língua latina tem dificuldade sobre isso, infelizmente.


O bodyscape para mim é o corpo panoramatico, o corpo panorama, já isso significa para mim, corpo panoramatico e um complexidade de signos e de símbolos é emancipante a dimensão panoramatica , o conceito de location também é difícil da traduzir em italiano e acho também em português , a minha tradução de location é a seguinte:


Location è um local-espaço-área-interstício então vou explicitar depois essa quatro zonas e diferenças de location, então a minha hipótese inicial da pesquisa é que entre o corpo panoramatico e lugar, espaço, zonas e interstícios da metrópole, se entender interstícios? Se entende ? são tensões, atrações, conflitos ; a metrópole é conflito , forma de modificação da metrópole não pode eliminar o conflito, quando uma pessoa acha que o conflito é uma coisa ruim ele não entende a complexidade do conflito , conflito é parte construtiva da comunicação metropolitana , não está comunicação sem conflito , conflito situações, migrações, e não somente de povos, de indivíduos, mas também de códigos a antropologia você conhece bem. Cruzamento e atravessamento também aqui uma palavra em inglês que eu gosto crossing , significa cruzar e atravessar isso para mim é o sentido da dimensão híbrida sincrética , cruzar e atravessar. Então tensões, atrações, conflitos, intenções, migrações , cruzamento atravessamento é um momento que continua o deslocamento entre corpo panorama, lugar, espaço etc.


Então vamos,
Outro conceito também é ó dress-code, por isso o paper é bodyscape, location e dress-code. E vou tentar dar minha interpretação de dress- code , mas antes vamos ver alguns elementos visuais que isso é um dress-code então poderia ser e também híbrido , também sincrético, também digital, como o código de barra se pode transformar em siglas, graças a máscara ( sorri) esse é um código que tem um conceito , que vou desenvolver depois, que isso para mim também é fundamental , o conceito de atrator , isso é um signo que tem uma enorme capacidade de atrair a sensibilidade da visualidade, da comunicação visual.


Porque antecipa um conceito, porque tem essa enorme capacidade seja porque é híbrida, sincrética, etc, etc, mas também porque está outra palavra chave pela comunicação contemporânea. È o conceito de fetichismo visuais palavra fundamental para entender o que esta mudando na comunicação contemporânea, o elemento de fetichismo visuais é o elemento mais caracterizando para mim da comunicação visual contemporânea, então isso é um fetiço , mas não é um fetiço tradicional é uma outra forma de fetiço, por isso agora não dá tempo, mas que quero dizer as interpretações seja de Marx, de Freud , etc sobre fetiche tem que se modificar porque o contexto contemporâneo , é o contexto da comunicação visual, onde aquele tipo de família, sexualidade, corporalidade, trabalho não é o mesmo, se modificou profundamente , então dress code, isso para mim vou colocar o conceito de bodyscape e location também ( mostra figura) porque na minha direita é de design alemão muito interessante, onde a matonela, como se chama matonela? Azulejo , azulejo achei que era só aquele azul ( sorri) . Ele está chorando, lagrimando, pode ser muitas coisas , então não vamos analisar , mas pode ser muitas coisas, isso significa que a relação tradicional entre o orgânico e inorgânico, o dualismo orgânico e inorgânico , corpo , azulejo é uma brincadeira do passado, a contemporaneidade pode desenvolver um tipo de design que cruza, modifica, hibridiza , sincretiza orgânico e inorgânico , isso para mim é uma forma pós dualista de representação , eu queria dizer melhor é uma forma criativa porque é pós dualista , porque o desafio de conseguir dar um sentido pós dualista, e também o corpo é um corpo pós dualista ( o que está a esquerda) porque o corpo da mulher , as voltas, as saias é uma mistura de pele, corpo orgânico e inorgânico. Então bodyscape seja o da esquerda , isso significa que o corpo paranomatico não pode se localizar somente na forma de corpo orgânico.


E também um panorama midiático também é mais possível realizar graças as comunicação digital. E avatar é também uma revista que tenta desenvolver esse tipo de comunicação mais multivitualidade lida a forma de comunicação . (...) (apresenta dados de imagens projetadas)


Aqui é uma imagem de um arquiteto contemporâneo que eu gosto muito ,porque são formas postas entre a idéia de colocar arquitetura e design na forma de metrópole comunicacional . A metrópole comunicacional para mim é aquelas que desafia a forma (...) da arquitetura, você sabe melhor que me.


O que está acontecendo ainda graças a comunicação digital , é que a gente pode produzir letras icônica , uma mistura de iconoletras que produzem um sentido diferente hoje diferente do passado .


Então outra hipótese que eu caracterizei essa pesquisa entre bodyscape , tecnologia digital e metrópole comunicacional são uma crescente forma de hibridilizações.
O conceito que ainda nós não apresentei (...) vou apresentar brevemente .


Eu desenvolvi uma critica muito forte sobre o conceito de nomadismo, e sujeito nômade porque para mim o sujeito nômade foi sempre e ainda é um sujeito contra a metrópole , o nômade foi sempre o inimigo mortal da cidade e depois da metrópole , além do nomadismo o que para mim é interessante o sujeito diasporico , porque a diáspora ligada ao sofrimento de raízes , de ser levado do seu contexto, do seu lugar , como é da experiência terrível , da diáspora judia, muita diáspora sempre ligada ao elemento de sofrimento, eu acho que agora o sujeito diáspora é um sujeito que nunca pode ser caracterizado de sofrimento, mas um sujeito que gosta e goza de diasporiza-se , e a metrópole contemporânea é momento fundamental de diasporicidade, eu o sujeito diasporico produz a metrópole contemporânea , e produz a metrópole comunicacional. O sujeito diasporico produz espaços, produz zonas , intersiticios.


A metrópole contemporânea tem esse tipo diasporica como caracterizante da experiência da contemporaneidade . Então quando você fizer a pergunta que significa deslocar-se para mim significa entrar dentro dessa perspectiva diasporica. Porque diáspora na matriz grega da palavra também significa muitas dimensões , significa momento criativo, de criatividade disseminados em muitos espaços , essa disseminação diásporas que produz vida, produz desejo , produz erotismo também que eu gosto muito. Então são a muita direita são alguns elementos sobre o biodesigner, bioarquitetura, e também biopsicologia. Elementos transdisciplinar, então essa coisa que o design , o biodesign é coisa bem interessante. E do outro lado uma boneca um pouco surpreendente. Musculorganismo também como representar os músculos, a dimensão orgânica do músculo em design.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Instruções para colaboração - Cadernos de Campo

aqui.

Poder local e xamãs urbanos: Manuela Carneiro da Cunha

Excertos do artigo:
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. "Pontos de vista sobre a floresta amazônica: xamanismo e tradução" MANA, vol. 4, n. 1, 1998.


Há aqui uma ressonância ¾ que não terá passado despercebida aos antropólogos ¾ com o xamã da "Introdução à Obra de Marcel Mauss" (Lévi-Strauss 1950), com a diferença que Lévi-Strauss, se acredita na pretensão, certamente não subscreve a realidade de uma língua adâmica. Mas a transposição de contradições reais em diferentes códigos, como se, de tanto traduzi-las, fosse possível resolvê-las, a dolorosa sensibilidade do xamã às dificuldades e armadilhas dessas passagens entre códigos que jamais são inteiramente equivalentes, não é nisto que consiste o trabalho do tradutor?

A síntese original, o sistema sintagmático no qual há necessidade de aderência entre o som e o sentido, no qual o som e o sentido se ajustam sem falhas como o fruto e sua pele (Benjamin 1968), tudo isso se dissolveu. O que se trata de (re)construir é uma síntese original, uma nova maneira de pôr em relação níveis, códigos, pô-los em ressonância, em correspondência, de modo que esse mundo novo ganhe a consistência desejada para que se torne evidente (Taylor 1995). Em suma, que adquira um sentido, pois o sentido é, ao fim e ao cabo, a percepção de relações, uma "rede de associações que se referem umas às outras, semelhante a um dicionário ou a um banco de dados relacional" (Crick e Koch 1997:33). Quanto mais essas conexões se multiplicam, mais o sentido se enriquece: fórmulas da neurociência que lembram imediatamente a antiga questão do que, na análise estrutural dos mitos, significa "significar". O trabalho do xamã, sua esfera de competência, é essa tentativa de reconstrução do sentido, de estabelecer relações, de encontrar íntimas ligações. Não é, portanto, a coerência interna do discurso o que se procura, sua consistência advém antes do reforço mútuo dos planos em que se exprime, do habitus em suma.

Um exemplo: entre os Shipibo-Conibo (Gebhardt-Sayer 1986) ¾ grupos Pano ribeirinhos ¾, os textos dos cantos xamânicos obedecem a regras distintas das que regem as melodias. Amplamente improvisadas, as palavras descrevem um itinerário, balizam-no, traçam o sentido de seu percurso. Em contrapartida, as melodias, que formam um corpus que não de umas trinta unidades, são a tradução sonora de desenhos, de motivos pictóricos ¾ os quene (ou kene) ¾ que o dono do ayahuasca exibe ao xamã e que este transpõe simultaneamente para um código sonoro. Este código é decifrável, visto que pode ser retraduzido em uma forma visual. Conta-se (e pouco importa se a história é autêntica) que, antigamente, duas mulheres, sentadas de lados opostos de um grande vaso a ser decorado, eram capazes ¾ sem se verem e unicamente guiadas pelos cantos xamânicos ¾ de pintar os mesmos motivos e de fazê-los se juntarem nas extremidades (Gebhardt-Sayer 1986:210-211). A codificação sonora das visões e sua decifração permitem, assim, obter tanto desenhos imateriais, aplicados sobre os doentes a serem curados, quanto desenhos materializados sobre vasos, tecidos e corpos. Os aromas acrescentam um código olfativo aos precedentes, de tal modo que "os sons, as cores e os odores correspondem".

Carlito é Kaxinawá. Vende picolé nas ruas de Rio Branco, capital do Acre, e vez por outra trabalha como assistente de antropólogos e de uma ONG. Mas é xamã também, misturando técnicas emprestadas dos Yawanaua e Katukina do Gregório e do Tarauacá, combinadas com rituais tomados da umbanda, aprendidos em Belém e Manaus. Sua clientela é formada por sua própria e grande família e por antigos seringueiros dos bairros mais pobres de Rio Branco. Nada disso nos surpreende mais. Tampouco nos surpreendem seu conhecimento das crenças xamânicas ashaninka e seu relativismo.

(...)

Todos os japós são humanos. Isto todo mundo percebe, já que eles vivem em sociedade, e tecem seus ninhos: são, em suma, tecelões como os Ashaninka. Os xamãs que, sob o efeito do ayahuasca, sabem ver de forma adequada, comprovam essa condição humana dos japós: vivem ao modo dos homens, cultivam mandioca, bebem kamarãpi (ayahuasca), bebem cerveja de mandioca (caissuma). São inclusive superiores aos homens, na medida em que observam a paz interna e vivem sem discórdia. São os filhos que Pawa, o sol, deixou na terra, são os filhos do ayahuasca. Entre os japós, pássaros tecelões, o tsirotsi ou japiim (Cacicus cela) ocupa uma posição particular e suscita um interesse muito especial. Os tsirotsi vivem em bandos de uns trinta pássaros, particularmente associados, que tecem seus ninhos muito perto uns dos outros em uma mesma árvore. Escolhem a árvore por ela abrigar ninhos de certas vespas ou formigas cujas picadas são especialmente dolorosas. É esta, diz-se, a sua polícia, que os protege dos predadores, como o gambá, por exemplo. Os tsirotsi são pacíficos e só se tornam ferozes quando é o caso de defender os ovos brancos com pintas contra a cobiça dos tucanos e dos araçaris. O macho e a fêmea guardam os ovos juntos, mas só a fêmea trabalha, ao passo que o macho canta. Nada disso é muito excepcional entre os japós. O que, no entanto, distingue os japiim de todos os outros pássaros, é a capacidade que lhes é atribuída de imitarem os chamados e os ruídos que escutam, sejam estes os cantos de outros pássaros, o tambor dos Ashaninka, o latido dos cães ou o choro das crianças (Pianko e Mendes no prelo).

Os xamãs têm uma associação muito especial com o tsirotsi, o japiim. Como Carlito afirma, este pássaro é um poderoso xamã. Os tsirotsi (ou tsiroti), segundo uma história recolhida junto a outros Ashaninka por Fernandez (1986:70 e ss.), são inclusive os descendentes de xamãs, que o personagem mítico Avireri, aquele que transformou alguns Ashaninka em animais, mudou, por distração, em pássaros. Esses xamãs ¾ pai e filho ¾ sabiam imitar todos os gritos de animais e eram, por conseguinte, grandes caçadores. O filho casou-se com uma mulher de olhos azuis: todos os seus descendentes tinham olhos azuis também. Eis aqui explicitada a relação xamã-caçador, por intermédio do japiim. A particularidade de imitar os chamados de outros animais é posta a serviço da caça. Com efeito, é assim que procede o bom caçador: finge utilizar uma linguagem que não é a sua, uma linguagem de sedução, aquela por meio da qual os machos e as fêmeas se atraem. A relação da caça e da sedução é um tema tipicamente amazônico (ver, p. ex., Descola 1986), mas, aqui, esse tema se encarna em uma linguagem que não comunica, ou melhor, cuja única mensagem é o grito que atrai, que seduz. É um chamariz, uma isca. Um som sem sentido, um som com sentido único.

O japiim fala línguas que não são as suas, línguas estrangeiras que, nele, nada comunicam, exceto a sedução e a predação. Ele é uma ponte ilusória entre formas do ser. Corresponde, no mundo animal, àquela escada xamânica que liga mundos cortados entre si. É notável que na ausência do personagem japiim, utilizado para outros fins entre os grupos Pano da floresta, a mesma associação entre cantos xamânicos, mimetismo sonoro e caça esteja presente entre os yaminahua do Peru (Townsley 1993:454).

(...)

Vimos que na prática xamânica opera um princípio semelhante, e isto não nos deve surpreender, dada a circularidade que opera na construção de esquemas conceituais. Para o xamã de um mundo novo, de pouca valia serão seus antigos instrumentos, as escadas xamânicas que lhe dão acesso aos diversos planos cosmológicos (Weiss 1969; Chaumeil 1983), sua aprendizagem, seus espíritos auxiliares, suas técnicas; montagens de outras técnicas podem ser preferíveis. Mas, ainda assim, cabe-lhe, "por dever de ofício", mais do que pelos instrumentos conceituais tradicionais, reunir em si mais de um ponto de vista. Pois, apenas ele, por definição, pode ver de diferentes modos, colocar-se em perspectiva, assumir o olhar de outrem (Viveiros de Castro 1996). E é por isso que, por vocação, desses mundos disjuntos e alternativos, incomensuráveis de algum modo, ele é o geógrafo, o decifrador, o tradutor.

Vê-se, portanto, que o "perspectivismo" amazônico que Eduardo Viveiros de Castro (1996) pôs em destaque em um artigo notável, e do qual extraiu várias implicações, se manifesta como um esquema em vários planos. Pois o problema geral do perspectivismo, aquele que Leibniz e Giordano Bruno descobriram, é justamente a questão da unidade, do invólucro, da convergência no sentido matemático, da série dos pontos de vista. Em suma, o problema da tradução. Não é sem dúvida fortuito que Leibniz e Benjamin adiantem uma solução semelhante: o que permite a totalização dos pontos de vista singulares e irredutíveis é a ressonância, a harmonia (Benjamin 1968:79, 81; Deleuze 1988:33). Na Amazônia, diríamos: é o xamã.

(...)

De maneira fantasmática e à falta de outras instâncias, o controle se realiza pela conjunção, vista acima, entre o que é mais local e o que é mais global: Crispim, criado a jusante, se estabelece nas cabeceiras, na divisão das águas. O local mantém seus poderes, é até a fonte dos maiores poderes, e é nele que os xamãs urbanos irão prover-se. Mais uma vez, é seguindo os meandros de raciocínios aparentemente contraditórios que se pode esperar ultrapassar os paradoxos (Taylor 1995). Cabe, então, ao mais fraco, àquele que se acha o mais a montante na cadeia, ao colonizado, ao estrangeiro, efetuar uma tradução privilegiada: é por seu intermédio que o novo penetra o mundo (Bhabha 1994). Mas a inanidade da empresa permanece. Poder-se-ia ver nos esforços de tradução, de totalização, que evoquei, a tentativa, sempre votada ao fracasso, em qualquer escala que se a considere ¾ e no entanto sempre recomeçada ¾ de construir sentido.

O xamã de Introdução à Obra de Marcel Mauss

Reporto a um excerto do texto de Lévi-Strauss, Introdução à obra de Marcel Mauss, seguindo a perspicaz observação de Manuela Carneiro da Cunha em seu brilhante Pontos de vista sobre a floresta amazônica: xamanismo e tradução (MANA, vol.4, n. 1, 1998). Neste artigo, a autora sublinha o modo como Lévi-Strauss constrói a problemática do xamã a partir de Marcel Mauss, colocando em relação a psicopatologia ocidental e as condutas xamanísticas.

"Vê-se portanto que os etnólogos que pretendem dissociar completamente certos rituais de todo contexto psicopatológico são movidos de uma boa vontade um tanto timorata. A analogia é manifesta e as relações são talvez mesmo suscetíveis de medida. Isso não significa que as sociedades ditas primitivas se coloquem sob a autoridade de loucos, mas sim que nós mesmos tratamos às cegas fenômenos sociológicos como se eles pertencessem à patologia, quando nada tem a ver com ela, ou, pelo menos, quando os dois aspectos devem ser rigorosamente dissociados. Na realidade, é a noção mesma de doença mental que está em causa. Pois, se o mental e o social se confundem, como afirma MAuss, seria absurdo, nos casos em que o social e o fisiológico estão diretamente em contato, aplicar a uma das duas ordens uma noção (como a de doença) que só tem sentido na outra.
Ao entregarmo-nos a uma excursão, que alguns por certo julgarão imprudente, aos mais extremos confins do pensamento de Mauss e talvez até mais além, quisemos apenas mostrar a riqueza e a fecundidade dos temas que ele oferecia à meditação de seus leitures ou ouvintes. Sob esse aspecto, sua reivindicação do simbolismo como pertencendo integralmente às disciplinas sociológicas pode ser, como em Durkheim, imprudentemente formulada: pois, na comunicação sobre as Relações entre a psicologia e a sociologia, Mauss julga ainda possível elaborar uma teoria sociológicca do simbolismo, quando é preciso evidentemente buscar uma origem simbólica da sociedade. (...) Ainda assim é verdade que todas as ilusões ligadas hoje à noção de "personalidade modal" ou de "caráter nacional", com os círculos viciosos decorrentes, devem-se à crença de que o caráter individual é simbólico por si mesmo, quando, como Mauss nos advertia (e excetuados os fenômenos psicopatológicos), ele fornece apenas a matéria-prima, ou os elementos, de um simbolismo que - como vimos mais acima - mesmo no plano do grupo não chega nunca a se completar. (COSAC-NAIFY, p. 19-20).

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

D. M. TURNER, UM PSICONAUTA

D.M. Turner (born Joseph Vivian; 5 October 1962 - 31 December 1996) was an author, psychedelic researcher and psychonaut who wrote two books on psychoactives and entheogens. His more prominent book, The Essential Psychedelic Guide was the first of its kind and contains Turner's views on the subjective effects of various psychoactive and hallucinogenic mind-altering substances.

His other book, Salvinorin addressed salvinorin.

Turner died on New Year's Eve 1996 after injecting an unknown quantity of ketamine while in a bathtub[1]. It is believed that he drowned while incapacitated by the effects of the drug.


Writings


* The Essential Psychedelic Guide. Turner, D.M. 1994. (ISBN 0-9642636-1-0)
* Salvinorin: The Psychedelic Essence of Salvia divinorum. Turner, D.M. 1996. (ISBN 0-9642636-2-9)


SHAMANIC SACRAMENTS
- D. M. Turner


INTENSITY: 3 to 8 for most experiences.

MATERIAL:
Mescaline is a naturally occurring psychedelic found in several cactus species, most notably, Peyote (Lophophora williamsii) and San Pedro (Trichocereus pachanoi). Several other members of the trichocereus family also contain mescaline.

Mescaline belongs to a family of compounds known as phenethylamines, making it quite distinct from the other major psychedelics which belong to the indole family. LSD, psilocybin, harmaline, and DMT are all indoles. Many synthetic "designer" psychedelics, such as ecstasy (MDMA) and 2C-B, are phenethylamines, and are related to the chemistry of mescaline.

In addition to containing mescaline, the cacti mentioned above contain a large variety of related psychoactive compounds, and will produce experiences that are qualitatively different than pure mescaline. The experience produced by Peyote is also quite distinct from that produced by cacti from the trichocereus family.

The literature I've read indicates that many members of the trichocereus family are psychoactive. I've only tried three or four of these and found them to be basically equal in potency. Many references indicate that one variety, Trichocereus peruvianus, is several times as potent by weight as the other trichocereus species. Psychoactive species include:

T. bridgesii, T. cuzcoensis, T. fulvinanus, T. macrogonus, T. pachanoi, T. peruvianus, T. taquimbalensis, T. tersheckii, T. validus, T. werdermannius.

HISTORY:
Peyote and San Pedro are New World psychedelics. In ancient times their use was concentrated in the regions to which they are native. Peyote was used throughout Mexico to as far north as Texas, San Pedro in the Andes mountain region of South America. The earliest known depiction of San Pedro cactus is on a stone tablet found in Peru dating to 1300 B.C. Ritual objects containing images of Peyote have been found dating back to 500 B.C. The introduction of Peyote into the U.S. and Canada, and its use by North American Indian tribes, occurred much more recently, beginning sometime in the late 1800s.

As with mushrooms, the Roman Catholic church tried to abolish the use of Peyote and San Pedro. However, they were only partially successful. Peyote use spread from Mexico to North America, and the Native American Church was formed in 1918 to preserve Native Americans' right to use Peyote. And with San Pedro, the ceremony practiced by many South American shamans continued while incorporating several Christian symbols into the rituals. The name of a Christian saint was even adopted for the cactus.

Mescaline was the first psychedelic compound to be extracted and isolated, which occurred in 1896. In 1919 it became the first psychedelic to be synthesized. For the next 35 years it remained a somewhat obscure compound known primarily to the psychiatric community. In 1953 the popular novelist Aldous Huxley read about mescaline. Soon thereafter Huxley tried mescaline, and brought it to the attention of the public by writing The Doors of Perception.

Today, natives throughout North America still perform sacred Peyote rituals. In South America shamans continue to hold traditional San Pedro ceremonies which are associated with healing, imparting or counteracting witchcraft, and putting one in touch with supernatural and divinatory powers. A claim frequently heard about the San Pedro experience is that the user embarks on a flight of a telepathic nature being transported across time and space. A user who embarks on this "astral journey" may perceive events happening in distant parts of the world, or in metaphysical realms. This flight phenomenon, which I have not encountered in my experience with San Pedro, may result from solanaceous plants which are frequently included in the San Pedro brew and contain the Belladonna alkaloids.

SOURCES:
In the U.S. Peyote is illegal for all but members of the Native American Church, and it is seldom seen in the psychedelic underground. Apparently there is even becoming a shortage for the Native American population, since the cactus grows at a very slow rate. A typical 2" diameter Peyote button may require 20 years to reach that size, and it has been harvested much faster than it can grow for many years.

Synthetic or pure crystalline mescaline is one of the rarest psychedelics, and misrepresentation of other substances as being mescaline is very common. I've only come across true synthetic mescaline once in my life, but have seen items ranging from LSD to DOB (a relative of 2C-B) being sold as mescaline several times.

Illegal drug labs rarely produce mescaline for the underground market because of its inefficiency, high cost, and lack of a market. It requires approximately 1/2 gram of mescaline sulfate to produce a psychedelic trip. This same amount of material would represent 4 doses of ecstasy, 20 doses of 2C-B, 50 doses of psilocin, or 2500 doses of LSD. And without the large market of substances like ecstasy, smaller, less efficient batches must be produced, raising the cost of production even higher. The small amount of mescaline that is produced for the psychedelic underground typically fetches from $100 to $200 per gram, ($50 to $100 per dose), clearly too expensive to become a popular street drug.

Mescaline sulfate can be distinguished by the structure of its crystals. These are approximately 1/4" long and look like fine needles or shards of glass. The amount of mescaline needed for a high can fill two double 0 gelatin caps. Those who claim they've had mescaline in tiny microdot pills, or as a white powder in a capsule where only 1/8th of a gram produced a powerful experience, have been given something other than real mescaline. Another form of mescaline which I've never tried, mescaline hydrochloride, is said to be about 25% more potent than mescaline sulfate.

The most readily available source of mescaline is trichocereus cacti which can be found in many large nurseries, particularly ones that deal exclusively in cacti and succulents. I tend to buy only from nurseries that mark their cacti with the botanical names, and try to avoid asking for psychoactive cacti by name. I was quite blown out when a redneck cacti wholesaler responded to my request for Trichocereus peruvianus with "That's supposed to be a high alkaloidal content cactus, I don't know if that's the reason you're looking for it." Another cacti wholesaler sold me an unmarked cactus claiming it to be T. peruvianus. It was psychoactive, but no more so than other trichocereus species I've tried.

If the cacti sellers do not know people are buying their cacti for psychoactive purposes it is less likely to become an issue with the authorities. And since this magical plant is one of my favorite "legal" highs, I'd like to see it remain legal and available indefinitely. Trichocereus cacti are considered legal for ornamental purposes only. It is illegal to ingest, extract, or sell for psychoactive purposes: a fairly gray area of the law.

Before going cactus shopping I've found it useful to look at pictures and read physical descriptions of these varieties. Many large libraries will have a selection of books on cacti and possibly lexicons. Most varieties of trichocereus are difficult to tell apart, and I've even seen conflicting information in the keys of lexicons. However, these books should at least give one an idea of which cacti to examine the name tags on. These cacti are also frequently available from various herb and plant dealers that cater to the underground.

DOSAGE and PREPARATION:
The amount of mescaline sulfate required for a full experience is about 500 mg. (or approximately 350 mg. of mescaline hydrochloride) Pure mescaline should be taken in two half-doses about 30 minutes apart. This will minimize disturbance of the stomach, which usually passes after the first couple hours of the high. When consuming whole cacti one is actually taking a combination of alkaloids which synergistically interact with each other, producing an experience which is different, and sometimes more desirable, than pure mescaline.

The potency of Peyote, as well as different people's tolerance to it, seems to vary widely. Some people report powerful experiences from as few as three or four Peyote buttons. More often users consume 12 to 15 buttons, and eating more than two dozen is not unheard of. The amount of San Pedro one must consume to obtain the full effects is a piece approximately 10" long and 3" in diameter. Cactus is most potent when harvested during the hotter times of the year.

Trichocereus cacti are relatively quick growing and easy to make cuttings of. Each plant may produce one or more highs worth per year. When harvesting these cacti the top four inches of growing tip can be cut off to be replanted. A length from beneath this can then be cut to consume. The remaining cactus stub will also continue to grow, frequently putting out several branches where it was cut off. The tip cutting should be laid on its side in the sun until the exposed flesh calluses. Once this has occurred, it should be placed upright in a half soil/half sand mixture with good drainage. When cutting the lower, consumable section of the cactus, care should be taken to cut at an angle, going upwards toward the middle of the plant. The fleshy part of the cactus will shrink in where it was cut, and if cut straight across it will form a bowl that will hold water and tend to mold.

To prepare San Pedro for consumption I first cut out the spines, which is fairly easy to do on most trichocereus. The next step I take is to cut the skin off in "V" strips, cutting from the outside of each rib into the central section of the cactus. These "V" strips are saved as they contain the most potent flesh, although the skin itself is thick, waxy and not edible.

The process of eating San Pedro is definitely not fun. It can be tolerated by most serious trippers, but it is difficult to consume enough cactus to get a powerful high. The taste of different trichocereus species ranges from very bitter to tasteless, the varieties with less taste tending to have a slimy consistency. With these varieties the texture is the main obstacle to consuming large quantities. I chew the cactus to a pulp and then wash it down with some liquid. It also helps to eat some full-grain bread as I'm doing this to soak up the liquid in my stomach.

The dark green flesh next to the skin is the most potent part of the cactus and should be eaten first. I do this by flattening out the "V" strips and scraping the flesh off of the skin with my teeth. I then proceed to the central part of the cactus. This should be eaten around like corn on the cob. The flesh on the protruding ribs should be eaten first. The core is woody and not edible. The high begins coming on some 45 minutes after ingesting, and since it takes a while to consume the cactus, one may start feeling high while they are still eating.

The psychoactive alkaloids can also be extracted using water or alcohol. To extract in water one needs to mash the cactus and boil for several hours. One friend reports excellent results by boiling just the skin with 3/8" of flesh attached to it, evaporating off all the liquid at about 140 degrees F, and then powderizing the resulting residue and packing it in gelatin capsules.

Peyote is even more difficult to eat than San Pedro as the taste is extremely bitter. Some people find that by accepting the flavor and not cringing from it they are able to get past any aversion to eating it. One friend even told me that dried Peyote took on the flavor and consistency of good chocolate. However, those like myself who find the taste intolerable can pulverize the dried buttons and pack them into gelatin capsules.

THE HIGH:
The mescaline experience is my favorite of the traditional psychedelics (LSD, psilocybin, mescaline). I find it has the advantages of acid: a lucid, penetrating, focused ability of the mind, rather than the more dreamy, drifting state I get from mushrooms. However, I feel totally relaxed with mescaline, even calmer than I feel on mushrooms, and there's no trace of the metallic edge usually felt on acid.

Eating whole cactus produces a more body-oriented high than pure mescaline. San Pedro usually produces a very smooth, flowing experience. However, the effects of Peyote are quite different due to its unique mixture of alkaloids. With Peyote, the first couple hours of the experience are very dream-like, drifting, almost a delirium type state. During this time I feel groggy and sleepy and can do little more than lay back and sink into the feeling, which is not unpleasant. Some element of Peyote also acts as an emetic, making most people nauseous about two hours into the trip.

I find the mescaline experience to be more visual than mushrooms or acid. However, I've only experienced really spectacular visuals when using synthetic mescaline. My high tolerance to most psychedelics, along with the capacity of my stomach, has prevented me from ever being as high as I would have liked when eating whole cactus. Like psilocybin, mescaline tends to link me with collective evolutionary consciousness more than synthetics like LSD. The experiences produced by these natural psychedelics seem more "significant" than an acid high, which is more analytical. An acid high often seems to be a by-product of magnifying the mind, whereas with mushrooms and cactus one feels they are in touch with something ancient, spiritual, and personal. Mescaline has a unique signature in this context which I find most magical, a feeling that the Gods or protective allies are smiling down on me. The duration can be 6 to 14 hours depending on the amount consumed. The "coming back" portion of a mescaline trip is smoother than with the other traditional psychedelics. And I've never felt the "drained of energy" or "neural overload" feeling that can come after an intense acid trip. This allows for a more conscious and therapeutic return to regular consciousness, after which I can easily sink into sleep and wake up feeling refreshed.

Some aspects of the mescaline high are quite distinct from LSD or mushrooms. The visions produced by mescaline have a different character and structure. When being overtaken by a full strength mescaline trip, I've felt more than with any traditional psychedelic that I was an extraterrestrial being, immersing myself in new sensory phenomena for the first time. Where LSD or psilocybin heighten and clarify the sense of hearing, mescaline produces auditory hallucinations, heightening the hearing sense but also causing sounds to be quite different than normal. Mescaline also sharpens the olfactory sense to a much finer degree than LSD or psilocybin. I've particularly noted this in my ability to perceive the smells of numerous different plants when using synthetic mescaline outdoors. As for aphrodisiacal use of mescaline, wow!, it brought energies out of me that I never knew I had.

At the conclusion of this chapter is one of my favorite descriptions of a psychedelic experience. It illustrates the depth and spiritual significance that a mescaline experience can produce. This is a description of a Peyote experience which Bernard Roseman undertook with members of the Native American Church in the late l950s. It was published in The Peyote Story, Wilshire Book Company, 1963.
(FONTE: MESCALINE.COM)


PSYCHONAUT


Figura: cena de Altered States (1980), de Ken Russel.

A psychonaut (also spelled psychanaut or psychenaut) (deriving from the Greek ψυχή (soul) and ναύτης (sailor), that is, a sailor of the mind/soul) is a person who intentionally induces altered states of consciousness in an attempt to investigate his or her mind, and possibly to address spiritual questions through direct experience. Psychonauts tend to be pluralistic, willing to explore mystical traditions from established world religions, lucid dreaming, technologies such as brainwave entrainment, psychedelic drugs, entheogens, tantra, and sensory deprivation. Because techniques that alter consciousness can be dangerous, and can induce a state of extreme susceptibility, psychonauts generally prefer to undertake these explorations either alone, or in the company of people they trust.

Goals of psychonautic practices may be to answer questions about how the mind works, improve one's psychological state, answer existential or spiritual questions, or improve cognitive performance in everyday life.

(FONTE: WIKIPEDIA