sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Revolução Biográfica

Aquelas músicas dos anos oitenta, tipo Zélia Duncan e Legião Urbana, diziam que alguém estaria em um apartamento perdido na cidade tentando acreditar que o mundo iria melhorar. De uns tempos prá cá, as formas de ação acerca da crença na mudança do mundo mudaram: estes alguéns andam saindo de seus apartamentos e mudando a si próprios.

Já há algum tempo tenho pensado nisso. Lia o Ulrich Beck, que fala algo do tipo "para transformações sociais, soluções biográficas" e via isso acontecendo naqueles jovens ascéticos que se transformavam para agir sobre a pobreza das ruas. Pois bem, estive em Recife e encontrei uma outra amostra comprovativa deste fenômeno.

Agosto de 2010. Em uma praça de Boa Viagem, aonde acontece uma feira típica aos finais de semana, encontramos Mariana, uma artesã de dreads nos cabelos curtos, vestindo roupas despojadas, uma hippie, como muitos diriam. Mariana contou sobre seu estado atual de artesã da seguinte forma: "Eu já rodei todo esse Brasil por conta do meu trampo. Eu era assistente social, tentava ajudar as pessoas, acabar com a desigualdade. Mas fui percebendo que esse negócio de mudar o mundo era impossível. 'Quer saber? Em vez de ficar aqui tentando mudar o mundo sem conseguir, eu vou é mudar eu mesma.' Larguei tudo e saí pro mundão, vivendo de artesanato."

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