sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Olhar Assassino

"Peguei um avião, mas minha alma ficou presa no barco, junto com os planos de todos os caranguejos e sururus, a passear. Entranhei na terra e acho que enterrei meus sonhos lá nas raízes daquele mangue. Volto para a lama. Até o pescoço dessa cidade." (Carol Bazzo)


Quando voltei para Banzo, vi tudo estranhado.

Em Brisa Salgada, todos olham para todos de cima para baixo: reparam na roupa. Mas em Banzo, as pessoas se olha com um olhar de assassino. Olhar penetrante, direto nos olhos, acompanhado de uma cara de maldade extrema. Pensei que iam me matar naquelas ruas.

Em Banzo, cidade bruta, não há beleza. E os peixes são enlatados, ficam mortos nestas latas em prateleiras de supermercados por meses, esperando serem comprados. É peculiar esta tristeza de Banzo. Pois em Brisa Doce, também grande cidade, se a pessoa naquelas ruas atoladas de carros e buzinas, sente fome, vai a uma das tantas barraquinhas que existem nas calçadas e encontra: vatapá, maniçoba, tacacá, salada de frutas com creme de leite, açaí com guaraná, vitaminas, sucos com guaraná, tudo a preços módicos. Mas em Banzo, só existe barraquinha de cachorro-quente.

Fizeram de Banzo um lugar tão feio, tão inóspito que o esporte preferido de seus moradores é criar quimeras. seja em suas mentes criativas, seja em caixinhas de luz. Não tem vontade de sair de casa porque é frio, não tem vontade de sair de casa porque lá fora tudo é cinza, é asfalto, é dor.

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