quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

"Enfatizando que o contato com a cultura indígena permite o acesso a uma realidade à parte que valeria a pena ser explorada e que pode mudar nossa percepção de mundo, a obra de Carlos Castaneda apresenta a religião ou espiritualidade nativa como um reservatório de ensinamentos para o indivíduo ocidental desorientado: os xamãs são mestres em um caminho de evolução pessoal, o acesso a esta sabedoria mística pode transformar-nos radicalmente, e tudo isso é medido em termos dos resultados alcançados." - SARRAZIN, Jean-Paul. "New Age en Colombia y la busqueda de la espiritualidad indigena" In Revista Colombiana de Antropologia volume 48 (2), 2012. |Tradução minha.

Este autor, Sarrazin, não considera o Castaneda como um antropólogo. Chamando aqui o Roy Wagner, podemos dizer que o que o Sarrazin chama de "desorientado", o Roy Wagner nomearia de "racional". O Castaneda recupera ensinamentos indígenas de acesso a uma outra realidade que não está fundamentada na relação de causa e efeito que rege a razão ocidental.

É importante frizar também que para Castaneda, os xamãs não são mestres em um caminho de evolução pessoal, mas sim mestres em regenerar universos, cosmos e mundos. A atividade do xamã é em direção a cura e transformação do cosmos que o rodeia, e com o qual ele se conecta de forma xamânica, isto é, em conexão com seus ancestrais, espíritos da floresta e do céu, atravessando tempos e espaços. ("O xamã como construtor de mundos").


"Os livros de Castaneda são a crônica de uma conversão, o relato de um despertar espiritual, ao mesmo tempo, são o redescobrimento e a defesa de um saber desprezado pelo Ocidente e pela ciência contemporânea." - Octavio Paz.

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