domingo, 20 de junho de 2010

zen e a arte da pesi-cola

Quando eu pedi a ele um tempo, fiquei triste e estagnada na minha cama, sem vontade de levantar nem de comer. No dia seguinte, fui dar uma volta pela cidade. Era Copa do Mundo, Brasil versus Costa do Marfim, e tudo estava fechado, até o Mc Donalds estava fechado. Comprei uma pepsi com limão em uma lojas americanas e me senti feliz, o gosto do petróleo sanando a falta dele na minha manhã. Pensei como era bom eu poder trocar alguém por uma lata de pepsi, que afinal, dá menos trabalho, não enche o saco e custa um real e cinquenta centavos. Parei com a minha pepsi na padoca de esquina com a minha casa, e vi que surpreendentemente, a Nova Zelândia tinha futebol. Que tinha goleiro. Que tinha jogadores com nomes de pirata. Ali na padoca estava aquele velho senhor bem arrumado que um dia ficou nos contando sobre seus dois filhos, um que virou polícia depois de tomar LSD, e outro que desandou na pedra de crack. Ele continuava com suas altas doses diárias de uísque, sua camisa vermelha de botão e seus óculos raiban. Olhei para um chinês tomando cerveja, e vieram me perguntar se eu queria participar do bolão. Perto da estufa de bolo, estava o moço misterioso do meu prédio que um dia comprou minha velha máquina de lavar roupas. Na mesa do lado, um cara de camisa branca meio aberta começou a dizer a seus camaradas que sempre torcia para o mais fraco: "quando vou no rodeio, eu torço pro boi.". E pegou seu violão. Pensei em lhe dizer que nessa Copa eu ia torcer prá Jabulani, quatro frangos e três cacetadas na trave prá Jabulani. Outro tentava se lembrar se no grupo F jogava a seleção da Eslovênia ou da Eslováquia. Da janela, um bêbado com sorriso de orelha a orelha gritava que a Itália e a Nova Zelândia estavam empatadas em número de pontos: dois pontos prá cada time. No balcão, uma mulher gorda de maria-chiquinhas dizia à balconista que tinha trazido umas coisas no celular pra mostrar prá ela. Foi na prateleira pegar um chocolate e voltou com o celular rosa prá perto da balconista. Fui prá casa e tentei descobrir o resultado do jogo através do oráculo chinês. Foi então que decidi voltar prá ele.

Um comentário:

Natalie disse...

Ela voltou!
Uau! Adorei o não fetichismo acadêmico do post!