TRABALHOS REALIZADOS EM 2017
28/01/2017 - Bailado do Chaveirinho (Glauco) e A Roseira (Bia Veniss) na Estrela D'Água (Ilha de Colares - PA). Farda Azul. No dia 28 de janeiro comemora-se o dia de Iemanjá e o aniversário da Bia Veniss. Neste dia houve o primeiro fardamento da Estrela D'Água, com o Anderson Alcântara e a Nayara Araújo se fardando.
18/03/2017 - Trabalho de São José na Rainha do Céu (Ribeirão Preto - SP). Bailado, Farda Branca, hinário do Padrinho Alfredo. Dia em que eu retornava à São Paulo, e meu carro chegava via transportadora. Foi um trabalho estranho, na minha opinião, pois resolveram começar do hino 96, e depois teve Nova Era e Nova Dimensão.
14/04/2017 - Trabalho da Semana Santa na Rainha do Céu (Ribeirão Preto - SP). Bailado, Farda Azul, hinários dos Quatro Companheiros. Esse trabalho é para ser feito na Quinta-Feira Santa (de acordo com o calendário CEFLURIS), mas a direção da casa decidiu realizá-lo na Sexta-Feira Santa pela manhã. Começou às 10h. Para mim que não sou fã de realizar trabalhos de dia, graças a Deus consegui ficar na firmeza o trabalho todo. Cantamos os 4 hinários na firmeza.
22/04/2017 - Trabalho de Santa Maria com o hinário Casa de São João (Joaquim Vilas Boas) na Rainha do Céu (Ribeirão Preto - SP). Trabalho fortíssimo, pra mim foi peia do início ao fim. Sumiu firmeza.
30/05/2017 - Trabalho de Concentração na Rainha do Céu (Ribeirão Preto - SP). Esse trabalho teve a presença do Roberval Raulino e foi cantado a Oração, Hinos do Despacho e hinário Arca de Noé, da Teresa Gregório. 30 de maio é aniversário do Raoni Vilas Boas e da Madrinha Albertina Corrente, então cantou-se, no final, o hino Cocar, que o Glauco ofertou pro Raoni, e o hino No Infinito do Astral, que o Padrinho Alfredo ofertou para Madrinha Albertina. Foi um trabalho que eu considerei excelente, me abriu muitos portais e conexões de harmonia e firmeza. Na ocasião a Maritê e o Felipe puderam chegar um pouco tarde, e eu tinha me preparado para tocar flauta, mas a Dona Jaci antes do trabalho começar me pediu pra puxar a Oração. Foi um presente do Astral, e também para testar minha disciplina e humildade, como no trabalho em Colares (28/04/2017), em que a Betânia me pediu para puxar o Chaveirinho.
CONSIDERAÇÕES
Estão sendo poucos trabalhos realizados, em comparação com o tanto que eu costumo frequentar, e em comparação com os compromissos que se assume com o calendário. Porém, estão sendo trabalhos pontuais, muito bem feitos, e de muitos aprendizados. Estou sentindo finalmente uma firmeza chegar, firmeza durante os trabalhos, e ela vêm junto com uma harmonia que eu nunca tive antes. Atribuo esse novo ganho ao uso da Sananga, que tenho feito na disciplina este ano.
Em Nuvens
sexta-feira, 16 de junho de 2017
quarta-feira, 17 de maio de 2017
sábado, 11 de fevereiro de 2017
Escrever para não esquecer
E foi em um dia de Nossa Senhora de Lourdes que eu obtive um grande discernimento, uma graça das mãos desta Mãe Divinal.
Há dias eu estava tendo manhãs terríveis. Acordava me sentindo doente e extremamente cansada, como se tivesse estado em uma batalha, ao invés de estar dormindo e descansando. Percebi grandes manchas verdes nas minhas pernas. Na manhã do dia de Nossa Senhora de Lourdes, meu sofrimento era tamanho que tinha ânsias de vômito. Eu tinha pesadelos terríveis. Naquela noite, havia estado em umbrais extremamente sombrios, repletos de almas sofredoras. Muita gente, muita gente mesmo. E eu não vencia as batalhas, muito pelo contrário, eu me aliciava a eles e me comportava como eles.
No sonho, me apareceu um resgate. Um grupo de cinco espíritos de luz me tiraram dali e me levaram para a Nova Jerusalém. Como é tão bela esta capital! Uma catedral de ouro, detalhes dourados perpassam toda a cidade, com relevos em forma de pomba e cruzes e toda a simbologia cristã. Após esse rolê pelo Paraíso, me levaram de volta para onde sofriam as gentes. "É preciso que você esteja aqui. Eles precisam de luz. Não os julgue, todos são filhos de Deus, todos merecem a salvação. Todos merecem o perdão."
Todos são filhos de Deus. "Não os julgue, todos merecem a salvação. Todos merecem o perdão." Foi uma chave de ouro estas palavras. Se eu me sentia doente pelas manhãs, significava que eu era uma médium que estava sendo obsidiada. Médiuns obsidiados, isso não é nada bom. Eles estavam ali, ou melhor, eu estava ali com eles porque eu precisava rezar por eles.
Então fiz meu pedido: Oh minha Nossa Senhora de Lourdes, só uma coisa eu Vos peço: vá ao encalço dessas almas, vá iluminar estas almas sofredoras! Sou fraca para uma missão tão grande, a luz que eles precisam vêm somente de Vós!" Percebi que a luz não poderia vir de mim, eu era apenas uma mensageira, aquela que consegue chamar e ser atendida. Como Santa Faustina.
E com a graça de Deus e da Virgem Maria, eu fui atendida. Ao retornar para lá, aqueles seres estavam tão mudados. Estavam sadios, sentados em volta de um estudo sobre as Medicinas. Rapé, San Pedro. Obtendo suas curas e aprendizados.
Em uma outra roda, muitos me confessavam que ainda faziam uso, depois de usarem todas as medicinas, ainda faziam uso do álcool e do crack. Mas graças a Deus, minhas forças haviam se reestabelecido, e Nossa Senhora estava comigo em meu encalço. Um dos rapazes, sentindo as presenças que me guiavam, prontamente começou a fazer uma grande limpeza. Eram as curas chegando, as curas que estávamos chamando.
Acordei com o coração tão aliviado, como se o Sol estivesse morando dentro de mim. Obrigada, Senhor Deus, pelas curas e pelas graças recebidas! Ensina-me a dar a Ti tudo o que é Teu, pois amar-te nos pequeninos é muito mais. E Vos amar é tudo o que eu quero para cada segundo da minha existência!
Há dias eu estava tendo manhãs terríveis. Acordava me sentindo doente e extremamente cansada, como se tivesse estado em uma batalha, ao invés de estar dormindo e descansando. Percebi grandes manchas verdes nas minhas pernas. Na manhã do dia de Nossa Senhora de Lourdes, meu sofrimento era tamanho que tinha ânsias de vômito. Eu tinha pesadelos terríveis. Naquela noite, havia estado em umbrais extremamente sombrios, repletos de almas sofredoras. Muita gente, muita gente mesmo. E eu não vencia as batalhas, muito pelo contrário, eu me aliciava a eles e me comportava como eles.
No sonho, me apareceu um resgate. Um grupo de cinco espíritos de luz me tiraram dali e me levaram para a Nova Jerusalém. Como é tão bela esta capital! Uma catedral de ouro, detalhes dourados perpassam toda a cidade, com relevos em forma de pomba e cruzes e toda a simbologia cristã. Após esse rolê pelo Paraíso, me levaram de volta para onde sofriam as gentes. "É preciso que você esteja aqui. Eles precisam de luz. Não os julgue, todos são filhos de Deus, todos merecem a salvação. Todos merecem o perdão."
Todos são filhos de Deus. "Não os julgue, todos merecem a salvação. Todos merecem o perdão." Foi uma chave de ouro estas palavras. Se eu me sentia doente pelas manhãs, significava que eu era uma médium que estava sendo obsidiada. Médiuns obsidiados, isso não é nada bom. Eles estavam ali, ou melhor, eu estava ali com eles porque eu precisava rezar por eles.
Então fiz meu pedido: Oh minha Nossa Senhora de Lourdes, só uma coisa eu Vos peço: vá ao encalço dessas almas, vá iluminar estas almas sofredoras! Sou fraca para uma missão tão grande, a luz que eles precisam vêm somente de Vós!" Percebi que a luz não poderia vir de mim, eu era apenas uma mensageira, aquela que consegue chamar e ser atendida. Como Santa Faustina.
E com a graça de Deus e da Virgem Maria, eu fui atendida. Ao retornar para lá, aqueles seres estavam tão mudados. Estavam sadios, sentados em volta de um estudo sobre as Medicinas. Rapé, San Pedro. Obtendo suas curas e aprendizados.
Em uma outra roda, muitos me confessavam que ainda faziam uso, depois de usarem todas as medicinas, ainda faziam uso do álcool e do crack. Mas graças a Deus, minhas forças haviam se reestabelecido, e Nossa Senhora estava comigo em meu encalço. Um dos rapazes, sentindo as presenças que me guiavam, prontamente começou a fazer uma grande limpeza. Eram as curas chegando, as curas que estávamos chamando.
Acordei com o coração tão aliviado, como se o Sol estivesse morando dentro de mim. Obrigada, Senhor Deus, pelas curas e pelas graças recebidas! Ensina-me a dar a Ti tudo o que é Teu, pois amar-te nos pequeninos é muito mais. E Vos amar é tudo o que eu quero para cada segundo da minha existência!
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Para não esquecer como se escreve um artigo
Acordar estava sendo cada dia mais difícil, posto que os dias iam se passando, e meu texto não conseguia sair dos dois primeiros parágrafos que descreviam o trajeto de Roque de Barros Laraia pela floresta densa em 1961. Eu abria meus olhos e a vontade de desistir me dominava, fazendo aliança a sonhos ruins. Naquele dia, me levantei com dificuldade, e a única motivação para eu sair de casa foi mentalizar um café expresso que tinha descoberto ali perto de casa e perto do trabalho.
A todo o momento eu tentava me lembrar como é que, no passado, eu havia conseguido escrever relatórios para agências de fomentos, e até artigos científicos que haviam sido aceitos para publicações em revistas acadêmicas de Antropologia. Como é que eu fazia? Como é que eu sabia escrever?
Em casa, não conseguia estudar, e no ambiente doméstico meu psicológico se encontrava cada vez mais abalado. Após a restauração momentânea obtida através da xícara de café expresso, obriguei meu corpo e minha alma a ir até a escola. A ideia era fincar a bunda em uma mesa da sala dos professores, e não sair de lá até que os deuses da escrita viessem em meu auxílio. Subindo a ladeira que dá acesso à escola, falei com Jesus Cristo na minha máxima sinceridade possível: "Meu amigo, me dê um sinal. Se eu não sair desses dois primeiros parágrafos no dia de hoje, prometo que amanhã mesmo faço as minhas malas, boto dentro do carro e pego o beco nessa Belém-Brasília."
E ali fiquei, sentada na mesa, olhando para a cara do computador, arriscando alguns rabiscos, apagando tantos outros, das doze horas até às dezoito horas da tarde. Lá por perto das dezessete e trinta, os deuses da escrita finalmente começaram a baixar, e foi então que me lembrei como é que eu tinha feito para escrever aquele artigo que consegui publicar há uns cinco anos atrás. E para não esquecer, deixo aqui o registro.
Eu me obrigava a sair cedo e ia para a biblioteca. Saía cedo, entrava na biblioteca, abria meu computador, e alternava um chocolate e um café, até a hora do almoço. Almoçava rapidamente e voltava para a biblioteca, só saía de lá na hora de fechar. Depois de uns três dias seguido fazendo isso, os deuses da escrita começaram a vir me visitar, e o texto começou a fluir. Em duas semanas, eu tinha meu artigo pronto. Bingo! Me lembrei! Esse é o macete: acostumar o corpo e a alma a estarem em um só lugar por uns tantos dias, exercendo este mesmo exercício de escrita.
A todo o momento eu tentava me lembrar como é que, no passado, eu havia conseguido escrever relatórios para agências de fomentos, e até artigos científicos que haviam sido aceitos para publicações em revistas acadêmicas de Antropologia. Como é que eu fazia? Como é que eu sabia escrever?
Em casa, não conseguia estudar, e no ambiente doméstico meu psicológico se encontrava cada vez mais abalado. Após a restauração momentânea obtida através da xícara de café expresso, obriguei meu corpo e minha alma a ir até a escola. A ideia era fincar a bunda em uma mesa da sala dos professores, e não sair de lá até que os deuses da escrita viessem em meu auxílio. Subindo a ladeira que dá acesso à escola, falei com Jesus Cristo na minha máxima sinceridade possível: "Meu amigo, me dê um sinal. Se eu não sair desses dois primeiros parágrafos no dia de hoje, prometo que amanhã mesmo faço as minhas malas, boto dentro do carro e pego o beco nessa Belém-Brasília."
E ali fiquei, sentada na mesa, olhando para a cara do computador, arriscando alguns rabiscos, apagando tantos outros, das doze horas até às dezoito horas da tarde. Lá por perto das dezessete e trinta, os deuses da escrita finalmente começaram a baixar, e foi então que me lembrei como é que eu tinha feito para escrever aquele artigo que consegui publicar há uns cinco anos atrás. E para não esquecer, deixo aqui o registro.
Eu me obrigava a sair cedo e ia para a biblioteca. Saía cedo, entrava na biblioteca, abria meu computador, e alternava um chocolate e um café, até a hora do almoço. Almoçava rapidamente e voltava para a biblioteca, só saía de lá na hora de fechar. Depois de uns três dias seguido fazendo isso, os deuses da escrita começaram a vir me visitar, e o texto começou a fluir. Em duas semanas, eu tinha meu artigo pronto. Bingo! Me lembrei! Esse é o macete: acostumar o corpo e a alma a estarem em um só lugar por uns tantos dias, exercendo este mesmo exercício de escrita.
domingo, 5 de fevereiro de 2017
Sobre escrever
Estou com dificuldade em escrever minha dissertação, e então me lembrei das dicas de Malinowski. Se não me engano, ele dizia que era bom ler uma literatura enquanto escreve as letras acadêmicas (meus professores também diziam isso na faculdade), e além disso, manter um diário pessoal.
Esse diário pessoal, me parece, é para desentupir essas veias de palavras que não querem sair. Então se escreve livremente sobre quaisquer bobagens, para as palavras bobas irem saindo de mim, e dando espaço para saírem algumas palavras boas que possam descrever academicamente as paisagens que me dispus a descrever. Também, ao que me parece, este diário pessoal de bobagens é para ir treinando a fluidez da escrita. Escrever assim, livremente sobre qualquer bobagem, para ir treinando essa fluidez, e quando menos se espera, lá está você, fluindo como um barquinho, no seu texto acadêmico.
Não acho meu nome bonito, é tão estranho e não parece significar nada. Então fui pesquisar, e descobri que é o nome de uma cor, a cor amarela, em latim. Uma origem latina, a língua dos padres, a língua que eu queria aprender na época da faculdade quando eu ainda era assim tão poética e disposta a dedicar meu tempo a atividades que não levam ninguém a lugar nenhum. Amarelo ouro, ou dourado. Cor do Sol, então me alegro por meu nome remeter ao Sol Dourado.
Está entupida essa minha fonte das boas palavras. Então vou começar a escrever palavras sem sentido ou relação entre si, só para elas irem saindo de mim e desentupindo a fonte. Vermelho, soldado, sangue. A mágica magia, ou será que meus dons de escrita mediúnica me abandonaram finalmente? Sempre foi fácil para mim escrever, mas depois considerei esta uma sina, como uma cruz pesada a se carregar. Ah a sina da escrita.... é um caminho sem volta, dispõe-se a escrever e depois lá está, enredada em compromissos, querendo estar em outro lugar mas não, é preciso cumprir com o que se prometeu. A sina da escrita que é amiga da sina de nunca conseguir desistir ou perder. Não posso perder, não posso desistir, imagina, isso não combina comigo, a vencedora das vencedoras.
Eu vou pelo Sol, caminhando neste espaço. Eu vôo pelo Sol, com a Lua me acompanhando. E a coragem de apagar tudo, e a autocrítica bem ferrenha, de se ler, reconsiderar, apagar tudo e reinventar outras frases. Considero uma sina também essa da antropologia, aonde já se viu, ter a intenção de descrever povos, lugares que se viu numa experiência real... quando as letras só se prestam a descrever magias, fantasias de mundos invisíveis, de histórias inventadas! E colocar o pé no chão de uma realidade, e intentar uma experiência assim tão sóbria! Meio agarrada na ilusão, que é principalmente numa ilusão estatal das histórias dos povos que habitam esta terra. Que saudade do jornalzinho da escola. Da redação com temática livre. Mas foi você mesma quem inventou, foi tu mesma que se dispôs! Passou madrugadas em claro empolgada com um novo projeto, descrever mais um povo de história assim tão fascinante, ao invés de ir dormir ou conversar com os espíritos que andam pelo mundo para curar os enfermos, numa prosa assim inocente, sem intenções.
E lá vou eu para mais um eterno retorno, o de estar tão agarrada a compromissos líteros, quando o compromisso maior é o do amor para com os meus! Foi assim na reta final do primeiro mestrado. E está sendo assim na reta final deste agora.
Este diário pessoal, pelo que eu me lembre das dicas do Maliniwski, é para ir escrevendo, escrevendo, desentupindo a fonte das letras e nunca mais se relendo. É só para ir fazendo esse rio, ou esse mar, um montoado de letras desconexas, que não se pode ler ou reler pois se é rio, já foi, está longe indo para o mar. Ufa! Já não era sem tempo, uma técnica de escrita em que não se tem o compromisso de saber se está bom ou ruim. Apenas soltar essas amarras, essas líteras amarradas em algum corredor apertado.
Esse diário pessoal, me parece, é para desentupir essas veias de palavras que não querem sair. Então se escreve livremente sobre quaisquer bobagens, para as palavras bobas irem saindo de mim, e dando espaço para saírem algumas palavras boas que possam descrever academicamente as paisagens que me dispus a descrever. Também, ao que me parece, este diário pessoal de bobagens é para ir treinando a fluidez da escrita. Escrever assim, livremente sobre qualquer bobagem, para ir treinando essa fluidez, e quando menos se espera, lá está você, fluindo como um barquinho, no seu texto acadêmico.
Não acho meu nome bonito, é tão estranho e não parece significar nada. Então fui pesquisar, e descobri que é o nome de uma cor, a cor amarela, em latim. Uma origem latina, a língua dos padres, a língua que eu queria aprender na época da faculdade quando eu ainda era assim tão poética e disposta a dedicar meu tempo a atividades que não levam ninguém a lugar nenhum. Amarelo ouro, ou dourado. Cor do Sol, então me alegro por meu nome remeter ao Sol Dourado.
Está entupida essa minha fonte das boas palavras. Então vou começar a escrever palavras sem sentido ou relação entre si, só para elas irem saindo de mim e desentupindo a fonte. Vermelho, soldado, sangue. A mágica magia, ou será que meus dons de escrita mediúnica me abandonaram finalmente? Sempre foi fácil para mim escrever, mas depois considerei esta uma sina, como uma cruz pesada a se carregar. Ah a sina da escrita.... é um caminho sem volta, dispõe-se a escrever e depois lá está, enredada em compromissos, querendo estar em outro lugar mas não, é preciso cumprir com o que se prometeu. A sina da escrita que é amiga da sina de nunca conseguir desistir ou perder. Não posso perder, não posso desistir, imagina, isso não combina comigo, a vencedora das vencedoras.
Eu vou pelo Sol, caminhando neste espaço. Eu vôo pelo Sol, com a Lua me acompanhando. E a coragem de apagar tudo, e a autocrítica bem ferrenha, de se ler, reconsiderar, apagar tudo e reinventar outras frases. Considero uma sina também essa da antropologia, aonde já se viu, ter a intenção de descrever povos, lugares que se viu numa experiência real... quando as letras só se prestam a descrever magias, fantasias de mundos invisíveis, de histórias inventadas! E colocar o pé no chão de uma realidade, e intentar uma experiência assim tão sóbria! Meio agarrada na ilusão, que é principalmente numa ilusão estatal das histórias dos povos que habitam esta terra. Que saudade do jornalzinho da escola. Da redação com temática livre. Mas foi você mesma quem inventou, foi tu mesma que se dispôs! Passou madrugadas em claro empolgada com um novo projeto, descrever mais um povo de história assim tão fascinante, ao invés de ir dormir ou conversar com os espíritos que andam pelo mundo para curar os enfermos, numa prosa assim inocente, sem intenções.
E lá vou eu para mais um eterno retorno, o de estar tão agarrada a compromissos líteros, quando o compromisso maior é o do amor para com os meus! Foi assim na reta final do primeiro mestrado. E está sendo assim na reta final deste agora.
Este diário pessoal, pelo que eu me lembre das dicas do Maliniwski, é para ir escrevendo, escrevendo, desentupindo a fonte das letras e nunca mais se relendo. É só para ir fazendo esse rio, ou esse mar, um montoado de letras desconexas, que não se pode ler ou reler pois se é rio, já foi, está longe indo para o mar. Ufa! Já não era sem tempo, uma técnica de escrita em que não se tem o compromisso de saber se está bom ou ruim. Apenas soltar essas amarras, essas líteras amarradas em algum corredor apertado.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Santa Teresa de Jesus: escritora.
De acordo com María de la Concepción Piñero Valverde (FFLCH/USP), para a então carmelita Teresa de Jesus, escrever era um ato de obediência, mas também ocasião de enxergar a si mesma com mais clareza e de comunicar aos outros os dons que recebera. O início da atividade de escrita de Teresa de Jesus ocorre quando seus superiores eclesiásticos a mandam que escrevesse. Teresa queria reformar o Carmelo, e então seus superiores pediram que ela escrevesse seus projetos - o que, de acordo com Valverde, era uma forma de seus superiores a conhecerem, e também a censurarem, visto que a censura na época era tamanha, que diversos escritores espirituais eram taxados de bruxos e postos na fogueira, ainda mais Teresa de Jesus, que afirmava falar com Deus e ver Jesus. Assim, obrigada a escrever seus projetos, Teresa vai além, faz da obrigação uma obediência e um dom, e escreve o livro de sua vida e tantas outras obras sobre edificação espiritual.
Havia, ainda, mais um empecilho social para a formação de Teresa de Jesus como escritora de tratados espirituais: de acordo com Leila Algranti, a sociedade da época considerava as mulheres instruídas pecadoras, além de considerar que uma mulher não poderia ter o mesmo grau de instrução que um homem. Desta forma, as mulheres eram impedidas de ler diversos livros, como romances e também como tratados espirituais (os quais eram muito censurados na época). As letras estavam muito próximas do pecado. De acordo com Algranti, o conhecimento adquirido por uma mulher deveria ser guardado para si e não poderia ser exibido ou utilizado em conversações com homens. E o que dizer de Teresa de Jesus, que havia sido educada por seus pais a ler, e ler muito? Seu pai tinha uma biblioteca vastíssima. Já no convento, Teresa foi uma das primeiras em seu tempo a ler as Confissões de Santo Agostinho. E o que dizer de Teresa escritora? Ao escrever para seus superiores eclesiásticos - e portanto, para homens -, Teresa tornava-se cada vez mais lida, chegando ao ponto de ser lida por São João da Cruz.
Leila Algranti especifica que, naquele tempo, as mulheres não podiam ser mestras: podiam receber instrução, mas não podiam ensinar. No caso das doutoras da Igreja, somente em 1970 o Papa Paulo VI concedeu este título, e foi para Santa Teresa de Jesus e Catarina de Sena. Até hoje, na história da Igreja Católica, têm o título de doutoras apenas 4 mulheres, e 32 homens!
Havia, ainda, mais um empecilho social para a formação de Teresa de Jesus como escritora de tratados espirituais: de acordo com Leila Algranti, a sociedade da época considerava as mulheres instruídas pecadoras, além de considerar que uma mulher não poderia ter o mesmo grau de instrução que um homem. Desta forma, as mulheres eram impedidas de ler diversos livros, como romances e também como tratados espirituais (os quais eram muito censurados na época). As letras estavam muito próximas do pecado. De acordo com Algranti, o conhecimento adquirido por uma mulher deveria ser guardado para si e não poderia ser exibido ou utilizado em conversações com homens. E o que dizer de Teresa de Jesus, que havia sido educada por seus pais a ler, e ler muito? Seu pai tinha uma biblioteca vastíssima. Já no convento, Teresa foi uma das primeiras em seu tempo a ler as Confissões de Santo Agostinho. E o que dizer de Teresa escritora? Ao escrever para seus superiores eclesiásticos - e portanto, para homens -, Teresa tornava-se cada vez mais lida, chegando ao ponto de ser lida por São João da Cruz.
Leila Algranti especifica que, naquele tempo, as mulheres não podiam ser mestras: podiam receber instrução, mas não podiam ensinar. No caso das doutoras da Igreja, somente em 1970 o Papa Paulo VI concedeu este título, e foi para Santa Teresa de Jesus e Catarina de Sena. Até hoje, na história da Igreja Católica, têm o título de doutoras apenas 4 mulheres, e 32 homens!
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Pegando firme no projeto de doutorado
Pegando firme: 3h ininterruptas de leitura; 30min de intervalo; retorna ao começo
Primeira leitura - STUTZMAN, Renato - O profeta e o principal (2005).
Descentralização de poder – novos caciques em retomadas de antigas ocupações: olhar para uma nova terra, aspecto de chefia xamânica. Chefias indígenas e sua concepção de natureza.
Para Latour, Viveiros de Castro e Descola, a noção de política indígena nunca pode ser dissociada da de natureza, e nesse sentido, qualquer política dos homens é antes de tudo uma política cósmica, ou cosmopolítica: são regimes ontológicos indígenas. Na política cósmica, se integram agentes humanos e não-humanos.
Chefias indígenas – antropologia política.
relação xamã-chefe – p. 356 da tese do Schutzman
Schutzman escreveu um projeto de doutorado que queria investigar a relação entre xamanismo e a ação política na Amazônia.
Ação política:
- política faccional;
- constituição de um domínio político;
- produção de espaços comuns, locais ou supralocais;
- posições do tipo chefia
Antigos tupi do litoral: relação entre profetismo e domínio político.
Segundo Clastres, o exercício do poder político se realiza forçosamente pela coerção. As chefias tupi podem ser uma posição política, e não um poder político, quando não se valem da coerção. As chefias tupi seriam um exemplo de recusa do poder político como coerção. Conduzindo, assim, a uma determinada ação política ameríndia.
Primeira leitura - STUTZMAN, Renato - O profeta e o principal (2005).
Descentralização de poder – novos caciques em retomadas de antigas ocupações: olhar para uma nova terra, aspecto de chefia xamânica. Chefias indígenas e sua concepção de natureza.
Para Latour, Viveiros de Castro e Descola, a noção de política indígena nunca pode ser dissociada da de natureza, e nesse sentido, qualquer política dos homens é antes de tudo uma política cósmica, ou cosmopolítica: são regimes ontológicos indígenas. Na política cósmica, se integram agentes humanos e não-humanos.
Chefias indígenas – antropologia política.
relação xamã-chefe – p. 356 da tese do Schutzman
Schutzman escreveu um projeto de doutorado que queria investigar a relação entre xamanismo e a ação política na Amazônia.
Ação política:
- política faccional;
- constituição de um domínio político;
- produção de espaços comuns, locais ou supralocais;
- posições do tipo chefia
Antigos tupi do litoral: relação entre profetismo e domínio político.
Segundo Clastres, o exercício do poder político se realiza forçosamente pela coerção. As chefias tupi podem ser uma posição política, e não um poder político, quando não se valem da coerção. As chefias tupi seriam um exemplo de recusa do poder político como coerção. Conduzindo, assim, a uma determinada ação política ameríndia.
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